LITERATURA
Prosa romântica no Brasil
A prosa romântica introduziu o Romantismo no Brasil. Embora ainda segundo os
padrões europeus, na linha de romances como Walter Scott e Honoré de Balzac, a
prosa romântica foi determinante para o estímulo à arte nacional e ao sentimento
nacional.
Folhetim
A difusão da prosa romântica foi impulsionada pelo folhetim. Os
folhetins eram capítulos de romances de periodicidade semanal publicados em
jornais.
Por meio deles, o romance tornou-se extremamente popular e por
ele, o sentimento de democracia aflorado no País foi alastrado.
Com o folhetim, a literatura passa de bem destinado à
aristocracia e ultrapassa a exclusividade da nobreza.
Surgem os primeiros consumidores da produção literária e a
literatura é expandida ao leitor comum. E é pelo folhetim que a prosa do
Romantismo alcança o sucesso que obteve no Brasil.
Nacionalismo romântico
O sentimento de nacionalismo no romantismo contribuiu para
valorizar o Brasil e o desvinculou da influência impositiva da arte portuguesa.
É um momento em que a literatura portuguesa também está mais
voltada para Portugal. Há uma clareza da distinção dos costumes da colônia e da
metrópole.
Características
Nacionalismo
Subjetivismo
Ufanismo
Idealização da mulher
Religiosidade
Culto à natureza
Amor platônico
Idealismo
Estética nativista
Obras e Autores
A prosa
romântica no Brasil foi manifestada em romance Indianista, romance urbano e romance
nacionalista.
As obras relatavam o comportamento social da época, exaltando as
peculiaridades da cultura nacional.
Romantismo: Características e Contexto Histórico
O Romantismo foi um movimento artístico que surgiu na Europa no século XVIII
e durou até meados do século XIX. Ele influenciou a literatura, a pintura, a música
e a arquitetura.
Oposto ao classicismo, racionalismo e Iluminismo, esse movimento
chegou ao Brasil em finais do século XVIII.
Contexto Histórico
Como escola literária, as bases do sentimentalismo romântico e
do escapismo pelo suicídio foram estabelecidas pelo romance "Os sofrimentos do jovem Werther",
de Goethe, publicado na Alemanha em 1774.
Na Inglaterra, o Romantismo se manifesta nos primeiros anos do
século XIX, com destaque para a poesia ultrarromântica de Lord Byron e para o romance
histórico Ivanhoé, de
Walter Scott.
Também figuram entre as primeiras obras do início da revolução
romântica na Europa os livros Manon Lescut, do árabe Prévost (1731), e
a História
de Tom Joses, de Henry Fielding (1749).
O romance, contudo, já era utilizado no Império Romano, cuja
palavra romano era aplicada para
designar as línguas usadas pelos povos sob o seu domínio. Tais idiomas eram, na
verdade, uma forma popular do latim.
As composições de cunho popular e folclórico escritas em latim
vulgar, em prosa ou em verso e que relatavam fantasias e aventuras, também eram
chamadas de romance.
E foi no século XVIII, que tomou o sentido atual, após passar
pelas formas de "romance de cavalaria, romance sentimental, romance
pastoral", na Europa. O romance pode ser considerado o sucessor da epopeia.
Principais características
Oposição ao Clássico
No início, todos os movimentos em oposição ao clássico eram
considerados românticos. Dessa maneira, os modelos da Antiguidade Clássica
foram substituídos pelos da Idade Média quando surgiu a burguesia.
A arte, que antes era de caráter nobre e erudita, passa a
valorizar o folclórico e o nacional. Ela extrapola as barreiras impostas pela
Corte e começa a ganhar a atenção do povo.
A arte romântica, ao romper as muralhas da Corte e ganhar as
ruas, liberta-se das exigências dos nobres que pagavam sua produção e passa a
ter um público anônimo. É o surgimento do público consumidor, impulsionado no
Brasil pelo folhetim,
uma literatura mais acessível.
Na prosa, o aspecto formal do Classicismo é deixado de lado. O
mesmo ocorre com a poesia, com os versos
livres, sem métrica e sem estrofação. A poesia também é caracterizada
pelo verso
branco, sem rima.
Nacionalismo
Os românticos pregam o nacionalismo, incentivam a exaltação
da natureza pátria, o retorno ao passado histórico e na criação do herói
nacional.
Na literatura europeia, os heróis nacionais são belos e valentes
cavaleiros medievais. Na brasileira são os índios, igualmente belos, valentes e
civilizados.
A natureza também é exaltada no Romantismo. Está é vista como
uma extensão da pátria ou refúgio à vida agitada dos centros urbanos do século
XIX. A exaltação à natureza ganha contornos de prolongamento do escritor e de
seu estado emocional.
Sentimentalismo romântico
Entre as marcas principais do Romantismo estão o
sentimentalismo, a supervalorização das emoções pessoais, o subjetivismo e
egocentrismo. É dessa maneira que os poetas se colocavam como o centro do
universo.
Dentro de um universo particular, o poeta sente a derrota do ego,
produz frustração e tédio. São características do movimento romântico: as fugas
da realidade por meio do abuso de álcool e ópio, a idealização da mulher, da
sociedade e do amor bem como a saudade da infância e a busca constante por
casas de prostituição.
A Linguagem
do Romantismo
A linguagem do Romantismo apresenta
maior liberdade formal em relação à racionalidade, equilíbrio e objetividade do
movimento anterior: o Arcadismo.
Assim, a linguagem do romantismo — mais simples, popular,
subjetiva, melodiosa, confessional, idealizada, eloquente e repleta de lirismo
e dualismos —, apresenta uma ruptura com os modelos clássicos (cultura
greco-romana), proporcionando uma aproximação com o novo público consumidor ao
revelar seus próprios anseios: a burguesia.
Os temas mais recorrentes são: o amor não correspondido (amor
platônico), a natureza, a religião, a idealização da mulher, a morte, a
incerteza, o individualismo, a solidão, os dramas da existência e os
sofrimentos em geral.
Lembre-se de que o Romantismo foi
um movimento artístico literário que surgiu no século XIX no Brasil e no Mundo.
A produção literária do romantismo se desenvolveu na poesia e na
prosa (contos, novelas, romances e obras de teatro).
Em 1774, a publicação da obra “Os Sofrimentos do Jovem Werther” do
escritor alemão Goethe,
inaugurou o movimento romântico na Europa, baseada nos novos valores
históricos, sociais e culturais.
Figuras de Linguagem do
Romantismo
As principais figuras de linguagem utilizada pelos escritores românticos
são: metáfora, metalinguagem, hipérbole, antítese, sarcasmo e Ironia.
No Brasil
O Romantismo
no Brasil tem como marco inicial a publicação da obra “Suspiros poéticos e saudades” de Gonçalves de
Magalhães.
Note que o
movimento surge anos depois da Independência do país (1822), o que fez como que
os escritores dessa época se afastassem da influência lusitana, para assim,
focar nos aspectos históricos, linguísticos, étnicos e culturais do país.
Embora a poesia
seja muito explorada nesse período, a prosa poética teve grande destaque com os
romances indianistas, regionalistas, históricos e urbanos.
O vocabulário
utilizado contém expressões mais brasileiras em detrimento da influência
lusitana, notadamente visto na linguagem do Arcadismo, o período
anterior.
Os Folhetins
(trechos de novelas e romances publicados em jornais) foram os principais
propulsores da prosa romântica no Brasil. Assim, os escritores que merecem
destaque na prosa romântica são:
José de Alencar e sua obra “Iracema”
Joaquim Manuel de Macedo e sua obra “A Moreninha”
Visconde de Taunay e sua obra “Inocência”
Bernardo Guimarães e sua obra “A Escrava Isaura”
Gerações Românticas
no Brasil
No Brasil o movimento romântico está
dividido em três fases, sendo que cada uma delas apresenta características
peculiares:
Chamada de “Geração
Nacionalista-indianista”, nessa fase é notória a exaltação da terra e da figura
idealizada do índio, eleito herói nacional.
Sem dúvida, Gonçalves Dias foi o que
mais se destacou nessa fase, seja na poesia, seja no teatro.
Também chamada de
“Geração Ultrarromântica”, “Mal do Século” ou “Geração Byroniana” (em
referência ao escritor inglês Lord Byron) essa fase esteve
marcada pelo pessimismo, melancolia, vícios, morbidez, fuga da realidade
(escapismo), fantasia e o desejo de morte.
Nesse período os
escritores que mais se destacaram foram:
Chamada de “Geração Condoreira” (em referência ao
condor, ave símbolo da liberdade), essa última fase do Romantismo aposta na
liberdade e na justiça inspirada sobretudo na literatura do escritor francês
Victor Hugo (Geração Hugoana).
A poesia romântica
(poesia lírica, épica e social) dessa fase é marcada pelo seu caráter social e
político. Castro
Alves, o “Poeta dos Escravos” foi o grande destaque do momento.
Para compreender
melhor a linguagem de cada geração romântica no Brasil, seguem abaixo alguns
exemplos:
Primeira geração
(Trecho do poema “I-Juca Pirama”
de Gonçalves Dias)
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
São rudes, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!
As tribos vizinhas, sem forças, sem brio,
As armas quebrando, lançando-as ao rio,
O incenso aspiraram dos seus maracás:
Medrosos das guerras que os fortes acendem,
Custosos tributos ignavos lá rendem,
Aos duros guerreiros sujeitos na paz.
As armas quebrando, lançando-as ao rio,
O incenso aspiraram dos seus maracás:
Medrosos das guerras que os fortes acendem,
Custosos tributos ignavos lá rendem,
Aos duros guerreiros sujeitos na paz.
No centro da taba se estende um terreiro,
Onde ora se aduna o concílio guerreiro
Da tribo senhora, das tribos servis:
Os velhos sentados praticam d’outrora,
E os moços inquietos, que a festa enamora,
Derramam-se em torno d’um índio infeliz.
Onde ora se aduna o concílio guerreiro
Da tribo senhora, das tribos servis:
Os velhos sentados praticam d’outrora,
E os moços inquietos, que a festa enamora,
Derramam-se em torno d’um índio infeliz.
Segunda geração
(Poema)
“Se eu Morresse Amanhã” de
Álvares de Azevedo
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Terceira geração
(Trecho da Poesia “O Navio Negreiro”
de Castro Alves)
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Em Portugal
O Romantismo
em Portugal teve como marco inicial a publicação do poema de Almeida Garrett “Camões”,
em 1825.
Além dele, os
escritores românticos portugueses que merecem destaque são: Camilo Castelo
Branco, Júlio Dinis e Alexandre Herculano. Para compreender melhor a linguagem
do romantismo segue abaixo a poesia "Este Inferno de Amar" de
Almeida Garret:
Este inferno de amar — como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma ... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?
Quem mo pôs aqui n’alma ... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... — foi um sonho
Em que paz tão serena a dormi!
Oh!, que doce era aquele sonhar ...
Quem me veio, ai de mim!, despertar?
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... — foi um sonho
Em que paz tão serena a dormi!
Oh!, que doce era aquele sonhar ...
Quem me veio, ai de mim!, despertar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela?, eu que fiz? — Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei ...
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela?, eu que fiz? — Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei ...
Fonte: https://www.todamateria.com.br/a-linguagem-do-romantismo/
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