terça-feira, 13 de dezembro de 2016

FIGURAS DE LINGUAGEM





Noções preliminares

        Figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve para comunicar à expressão mais força e colorido, intensidade e beleza.

Podemos classificá-las em três tipos:

1. Figuras de palavras (ou tropos)
2. Figuras de construção (ou sintaxe)
3. Figuras de pensamento

O estudo das figuras de linguagem faz parte da estilística.

I) FIGURAS DE PALAVRAS

Comparem-se estes exemplos:

A) O tigre é uma fera. [fera = animal feroz: sentido próprio, literal, normal]
B) Pedro era uma fera. [fera = pessoa muito brava: sentido figurado, ocasional]

No exemplo B, a palavra fera sofreu um desvio na sua significação própria e diz mais do que a expressão vulgar “pessoa brava”. Semelhantes desvios de significação a que são submetidas as palavras, quando se deseja atingir um efeito expressivo, denominam-se figuras de palavras ou tropos (do grego tropos, giro, desvio)

São as seguintes as figuras de palavras:

1) Metáfora. É o desvio da significação própria de uma palavra, nascido de uma comparação mental ou característica comum entre dois seres ou fatos.

O seguinte exemplo colhido em Crônicas Escolhidas de Rubem Braga esclarece a definição:

“O pavão é um arco-íris de plumas.”, isto é: o pavão, com sua cauda armada de leque multicolorido, é como um arco-íris de plumas.
Entre os termos pavão e arco-íris existe uma relação de semelhança, uma característica comum: um semicírculo ou arco multicor.

Outros exemplos de metáfora:

Toda profissão tem seus espinhos.

As derrotas e as desilusões são amargas.

Murcharam-lhe os entusiasmos da mocidade.

“O luar feria pedrinhas alvas no caminho.” (Graciliano Ramos) 

“Lá fora, a noite é um pulmão ofegante.” (F. Namora)

Dado o seu caráter enfático, incisivo, direto, a metáfora produz impacto em nossa sensibilidade: daí sua grande força evocativa e emotiva. É a mais importante e frequente figura de estilo e encontra-se aliada a outras, como a hipérbole e a personificação.


Observação:

Não confundir metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos por nexos comparativos (como, tal, qual, etc.):

Nero foi cruel como um monstro. (comparação)

Nero foi um monstro. (metáfora)


2) Metonímia. Consiste em usar uma palavra por outra, com a qual se acha relacionada. Há metonímia quando se emprega:

1º o efeito pela causa:

Os aviões semeavam a morte [ = bombas mortíferas]
[as bombas = a causa; a morte = o efeito]


2º o autor pela obra:
Nas horas de folga lia Camões. [Camões = a obra de Camões]

Traduzir Homero para o português não é fácil.


3º o continente pelo conteúdo:
Tomou uma taça de vinho. [ = o vinho contido na taça]

A terra inteira chorou a morte do sumo pontífice. [ = os habitantes da terra]


4º o instrumento pela pessoa que o utiliza:

Ele é um bom garfo. [ = comedor]

As penas mais importantes do país reverenciaram a memória do grande morto. [ = os escritores]


5º o sinal pela coisa significada:

Que as armas cedam à toga [isto é, que a força militar acate o Direito].

O trono estava abalado. [isto é, o império]


6º o lugar pelos seus habitantes ou produtos:

“A América reagiu e combateu.” (Latino Coelho)

Aprecio o madeira. [ = o vinho fabricado na ilha da Madeira)


7º o abstrato pelo concreto:

A mocidade é entusiasta. [mocidade = moços]

“Difícil conduzir aquela bondade trôpega ao cárcere, onde curtiam pena os malfeitores.” [bondade = o bom velho]


8º a parte pelo todo:

Não tinha teto onde se abrigasse. [teto = casa]

Márcia completou ontem vinte primaveras. [primaveras = anos]

João trabalha dobrado para alimentar oito bocas. [bocas = pessoas]



9º o singular pelo plural:

O homem é mortal. [o homem = os homens]

“Foi onde o paulista fundou o país da Esperança.” (Cassiano Ricardo)


10º a espécie ou a classe pelo indivíduo:

“Andai como filhos da luz”, recomenda-nos o Apóstolo (para dizer São Paulo). [São Paulo (indivíduo) foi um dos apóstolos (espécie)]


11º o indivíduo pela espécie ou classe:

Os mecenas das artes. (protetores)

Os átilas das instituições. (destruidores)

O judas da classe. (traidor)


“Não é paternalismo de nenhum mecenas arquimilionário.” (Raquel de Queirós)


12º a qualidade pela espécie:

Os mortais [em vez de os homens]. Os irracionais [ = os animais]


13º a matéria pelo objeto:

Tanger o bronze (o sino). O tinir dos cristais. (copos). Um níquel (moeda)

“O Cristianismo inventou o órgão e fez suspirar o bronze.” (Chateaubriand)
O aço [ = a faca] de Zé grande espelha reflexos dos cristais...” (Haroldo Bruno)


3) Perífrase. É uma expressão que designa os seres através de algum de seus atributos, ou de um fato que os celebrizou:

Das entranhas da terra jorra o ouro negro. [ = o petróleo]

O rei dos animais foi generoso. [ = o leão]
O Poeta dos escravos morreu moço. [ = Castro Alves]

Os urbanistas tornarão ainda mais bela a Cidade Maravilhosa. [ = o Rio de Janeiro]

Observação: à estilística só interessam perífrase com valor expressivo.


4) Sinestesia. É a transferência de percepções da esfera de um sentido para o de outro, do que resulta uma fusão de impressões sensoriais de grande poder sugestivo. Exemplos:

Sua voz doce e aveludada era uma carícia em meus ouvidos. [voz = sensação auditiva; doce = sensação gustativa; aveludada = sensação tátil]

Em seu olhar gelado percebi uma ponta de desprezo.


II) FIGURAS DE CONSTRUÇÃO

Compare as duas maneiras de construir esta frase:

Os homens pararam, o medo no coração.
Os homens pararam, com o medo no coração.

Nota-se que a primeira construção é mais concisa e elegante. Desvia-se da norma estritamente gramatical para atingir um fim expressivo ou estilístico.
Foi com esse intuito que assim redigiu Jorge Amado.
A essas construções que se afastam das estruturas regulares ou comuns e que visam transmitir à frase mais concisão, expressividade ou elegância, dá-se o nome de figuras de construção ou de sintaxe.


São as mais importantes figuras de construção:

1) Elipse. É a omissão de um termo ou oração que facilmente podemos subentender no contexto. É uma espécie de economia de palavras.
        
São comuns as elipses dos pronomes sujeitos, dos verbos e de palavras de ligação. (preposições ou conjunções):

João estava com pressa. Preferiu não entrar. [elipse do sujeito ele]

“As quaresmas abriam a flor depois do carnaval, os ipês, em junho.” (Raquel de Queirós) [isto é, os ipês abriam em junho]

“Parece que, quando menor, Sereia era bonita.” (Raquel de Queirós) [elipse do verbo era: quando era menor]

“Caçam todos os animais que podem.” (Gustavo Barroso) [Entenda-se: todos os animais que podem caçar]

“Por que foi que a criatura se imolou? Um ato de protesto contra o governo?” (Érico Veríssimo) [Isto é: Teria sido um ato de protesto]


A elipse das conjunções e preposições assegura à frase concisão, leveza e desenvoltura:

“E espero tenha sido a última.” (Viana Moog) [elipse da conjunção que]

“Só aí me inteirei de que ela havia sofrido e era boa.” (Graciliano Ramos) [Ou seja: e de que era boa]

“Se trabalhares e fores honesto, serás feliz.” [ = e se fores honesto]

“Veio sem pintura, um vestido leve, sandálias coloridas.” (Rubem Braga)

“Entraram em casa, as armas na mão, os olhos atentos, procurando.” (Jorge Amado)


Pode ocorrer elipse total ou parcial de uma oração:

Perguntei-lhe quando voltava. Ele disse que não sabia. [Isto é: Ele disse que não sabia quando voltava.)

Eu já tinha visto aquela moça, mas não sabia onde. [Isto é: mas não sabia onde a tinha visto.]


Podem ser consideradas casos de elipse as chamadas frases nominais, organizadas sem verbo. Exemplos:

“Bom rapaz, o verdureiro, cheio de atenções para com os fregueses.” (Carlos Drummond de Andrade)

“Céu baixo, ondas mansas, vento leve.” (Adonias Filho)

“Àquela hora, quase deserta a Praia de Botafogo.” (Olavo Bilac)

“Em redor, tudo parado. Estático. No silêncio da madrugada, nem o piar de um pássaro, nem o farfalhar de uma folha.” (Lígia Fagundes Teles)


Observação:

As frases nominais, de largo uso na literatura atual, são particularmente adequadas para a descrição de cenas estáticas, de ambientes parados, sem vida.


2) Pleonasmo: É o emprego de palavras redundantes, com o fim de reforçar ou enfatizar a expressão. Exemplos:

“Foi o que vi com meus próprios olhos.” (Antônio Calado)

Sorriu para Holanda um sorriso ainda marcado de pavor.” (V. Moog)

“Tenha pena de sua filha, perdoe-lhe pelo divino amor de Deus.” (Camilo Castelo Branco)

Os impostos, é necessário pagá-los.” (Camilo Castelo Branco)

A mim resta-me a independência para chorar.” (Camilo Castelo Branco)

“... secá-las bem secas no jirau.” (F. de Castro)

Observação:

O pleonasmo, como figura de linguagem, visa a um efeito expressivo e deve obedecer ao bom gosto. São condenáveis, por viciosos, pleonasmos como: descer para baixo, entrar para dentro, subir para cima, a ilha fluvial do rio Araguaia, a monocultura exclusiva de uma planta, etc. 


3) Polissíndeto. É a repetição intencional do conectivo coordenativo (geralmente a conjunção e). É particularmente eficaz sugerir movimentos contínuos ou séries de ações que se sucedem rapidamente:
“Trejeita, e canta, e ri nervosamente.” (Antônio Tomás)

“Por que é a beleza vaga e tênue, / falaz ee incauta e inquieta?” (Cabral do Nascimento)
“Vão chegando as burguesinhas pobres, / e as criadas das burguesinhas ricas, / e as burguesinhas ricas, / e as mulheres do povo, / e as lavadeiras da redondeza.” (Manuel Bandeira)
“Mão gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto de Oliveira)

4) Inversão ou hipérbato. Consiste em alterar a ordem normal dos termos ou orações com o fim de lhes dar destaque:

“Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)
“Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond de Andrade)
“Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não sei.” (Graciliano Ramos)
“Tão leve estou que já nem sombra tenho.” (Mário Quintana)

Observação:

O termo que desejamos realçar é colocado, em geral, no início da frase.

5) Anacoluto. É a quebra ou interrupção do fio da frase, ficando termos sintaticamente desligados do resto do período, sem função. Exemplos:

Pobre, quando come frango, um dos dois está doente.
“Eu não me importa a desonra do mundo.” (Camilo Castelo Branco)
“Essas criadas de hoje não se pode confiar nelas.” (A. Machado)
A rua onde moras, nela é que desejo morar.

Observação:

O anacoluto, fato bastante comum na língua oral, deve ser usado na, na expressão escrita, com sobriedade e consciência.

6) Silepse. Ocorre esta figura quando efetuamos a concordância não com os termos expressos, mas com a ideia a eles associada em nossa mente.

a) de gênero:

Vossa Majestade será informado acerca de tudo.
“Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.” (Olavo Bilac)
“Nuvens baixas e grossas ocultavam Ilhéus, vista dali em mar grande e livre.” (Adonias Filho)
“Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães Rosa)
“Se acha Ana Maria comprido, trate-me por Naná.” (Ciro dos Anjos)

b) de número:

“Corria gente de todos os lados, e gritavam.” (Mário Barreto)
O casal de patos nada disse, pois a voz das ipecas é só um sopro. Mas espadanaram, ruflaram, e voaram embora.” (Guimarães Rosa)
“Está cheio de gente aqui. Tire esse povaréu da minha casa. Que é que eles querem?” (Dalton Trevisan)

c) de pessoa:

Ele e eu temos a mesma opinião. [ele e eu = nós]
“Aliás todos os sertanejos somos assim.” (Raquel de Queirós)
Os que adoramos esse ideal, nela vamos buscar a chama incorruptível.” (Rui Barbosa)
Os amigos nos revezávamos à sua cabeceira.” (Amadeu de Queirós)
Ficamos por aqui insatisfeitos, os seus amigos.” (Carlos Drummond de Andrade)

7) Onomatopéia. Consiste no aproveitamento de palavras cuja pronúncia imita o som ou a voz natural dos seres. É um recurso fonêmico ou melódico que a língua proporciona ao escritor.

“Pedrinho, sem mais palavras, deu rédea e, lept! lept! Arrancou estrada afora. (Monteiro Lobato)
“O som, mais longe, retumba, morre.” (Gonçalves dias)
“O longo vestido longo da velhíssima senhora frufrulha no alto da escada.” (Carlos Drummond de Andrade)
Tíbios flautins finíssimos gritavam.” (Olavo Bilac)
Troe e retroe a trompa.” (Raimundo Correia)
Vozes veladas, veludosas vozes.” (Cruz e Sousa)

Observação:

As onomatopeias, como nos três últimos exemplos, podem resultar da aliteração ( = repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de um verso).

8) Repetição. Consiste em reiterar (repetir) palavras ou orações para intensificar ou enfatizar a afirmação ou sugerir insistência, progressão:

“O surdo pede que repitam, que repitam a última frase.” (Cecília Meireles)
“Tudo, tudo parado: parado e morto.” (Mário Palmério)
“Ia-se pelos perfumistas, escolhia, escolhia, saía toda perfumada.” (J. Geraldo Vieira)
“E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da casona.” (Bernardo Elis)
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se apagou.” (Inácio de Loiola Brandão)
  
III) FIGURAS DE PENSAMENTO

Figuras de pensamento são processos estilísticos que se realizam na esfera do pensamento, no âmbito da frase. Nelas intervêm fortemente a emoção, o sentimento, a paixão.

Eis as principais figuras de pensamento:

1) Antítese. Consiste na aproximação de palavras ou expressões de sentido oposto. É um poderoso recurso de estilo. Exemplos:

“Última flor do Lácio, inculta e bela, / és a um tempo, esplendor e sepultura.” (Olavo Bilac)
“A areia, alva, está agora preta, de pés que a pisam.” (Jorge Amado)
“Como era possível beleza e horror, vida e morte harmonizarem-se no mesmo quadro?” (Érico Veríssimo)
“Quando a bola saía, entravam os comentários dos torcedores.” (Carlos Eduardo Novais)

2) Apóstrofe. É a interrupção que faz o orador ou escritor, para se dirigir a pessoas ou coisas presentes ou ausentes, reais ou fictícias. Exemplo:
“Abre-se a imensidade dos mares, e a borrasca enverga, como o condor, as foscas asas sobre o abismo.
Deus te leve a salvo, brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas...” (José de Alencar)

3) Eufemismo: Consiste em suavizar a expressão de uma ideia molesta, substituindo o termo exato por palavras ou circunlocuções menos desagradáveis ou mais polidas. Exemplos:

Fulano foi desta para uma melhor. [ = morreu]
Rômulo contraíra o mal-de-lázaro. [ = a lepra]
Na cidade há escolas para crianças excepcionais. [ = retardadas]

4) Gradação. É uma sequência de ideias dispostas em sentido ascendente ou descendente. Exemplos:

“O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário.” (Olavo Bilac)
Ele foi um tímido, um frouxo, um covarde.
Um ser limitado, uma ínfima criatura, um grão de pó perdido no cosmos, eis o que o homem é.

Observação:

A gradação ascendente denomina-se também clímax, e a descendente anticlímax.  

5) Hipérbole. É uma afirmação exagerada. É uma deformação da verdade que visa a um efeito expressivo. Exemplos:

Chorou rios de lágrimas. Estava morto de sede. Os cavaleiros não corriam, voavam. Quase morri de tanto rir. Estou um século à sua espera. Tinha um mundo de planos na cabeça. “A geada é um eterno pesadelo.” (Monteiro Lobato)

6) Ironia. É a figura pela qual dizemos o contrário do que pensamos, quase sempre com intenção sarcástica. Exemplos:

Fizeste um excelente serviço! [para dizer: um serviço péssimo]
Vejam os altos feitos destes senhores: dilapidar os bens do país e fomentar a corrupção!
“Um carro começa a buzinar... Talvez seja algum amigo que venha me desejar Feliz Natal. Levanto-me, olho a rua e sorrio: é um caminhão de lixo. Bonito presente de Natal!” (Rubem Braga)

7) Personificação. É a figura pela qual fazemos os seres inanimados ou irracionais agirem e sentirem como pessoas humanas. É um precioso recurso da expressão poética. Esta figura, chamada também animização ou prosopopéia.

“Lá fora, no jardim que o luar acaricia, um repuxo apunhala a alma da solidão.” (Olegário Mariano)
Os sinos chamam para o amor.” (Mário Quintana)
O rio tinha entrado em agonia, após anos de devastação em suas margens.” (Inácio de Loiola Brandão)

Comum é a personificação de conceitos abstratos:

A Morte roubou-lhe o filho mais querido.
“Vi a Ciência desertar do Egito...” (Castro Alves)

8) Reticência. Consiste em suspender o pensamento, deixando-o meio velado. Exemplos:

“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma ... uma ... não sei se digo.” (Machado de Assis)
“Quem sabe se o gigante Piaimã, comedor de gente...” (Mário de Andrade)

9) Retificação. Como a palavra diz, consiste em retificar (correção) uma afirmação anterior. Exemplos:

O síndico, aliás uma síndica muito gentil, não sabia como resolver o caso.
“O país andava numa situação política tão complicada quanto a de agora. Não, minto. Tanto não.” (Raquel de Queirós)
“Tirou, ou antes, foi-lhe tirado lenço da mão.” (Machado de Assis)


EXERCÍCIOS

Identifique as figuras de linguagem presentes nos períodos a seguir.

1. O rosto é o espelho da alma.

2. Todos necessitam de um teto.

3. Sobre a cidade indefesa os aviões semeavam a morte.

4. Minha mãe é uma santa.

5. A Cidade-Luz é um dos maiores centros culturais do mundo.

6. “Sua boca é um cadeado. / E meu corpo é uma fogueira.” (Chico Buarque)

7. Eles já embarcaram no trem.

8. Sempre leio Graciliano Ramos.

9. Marquei uma consulta com o melhor bisturi de Sorocaba.

10. A cabeça do alfinete estava enferrujada.

11. Dona Maria, observe o grande esforço de seu filho: obteve nota zero em todas as matérias.

12. “Aconteceu que, passados quatro anos, D. Elvira mudasse de residência para o outro mundo.” (Camilo Castelo Branco)

13. Morri de estudar e não consegui aprender nada.

14. “É, meu filho, pense bem, arrependa-se enquanto é tempo...” (Érico Veríssimo)

15. “Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!” (Fernando Pessoa)

16. “E vou ficar aqui, às escuras, até que morto de fadiga, encoste a cabeça à mesa e descanse uns minutos.” (Graciliano Ramos)

17. Ele não assumiu o problema e ainda faltou à verdade.

18. A moça realmente era linda. Não recebeu um voto favorável do júri.

19. O jogador deu um violento tapa no adversário e o juiz o convidou a se retirar do campo.

20. “Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.” (José Régio)

21. São Paulo parou para receber os campeões.

22. “Toda vida se tece de mil mortes.” (Carlos de Laet)

23. O Pai da Aviação, com o seu invento, encurtou as distâncias e aproximou os povos.

24. Ele, o Bom Pastor, deu a sua vida para nos salvar.

25. Ó sonora audição colorida do aroma” (Alphonsus de Guimaraens)

26. Cuidado com esse tal Abelardo! Ele é uma raposa.

27. O Boeing era um pássaro metálico devorando a distância.

28. “O major trazia sobre si o peso de 60 janeiros.” (Monteiro Lobato)

29. “Altar e trono, uni-vos.” (Raimundo Correia)

30. “Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul.” (Paulo Moreira da Silva)

31. “Quando adolescente, estudante em Salvador, participei dos festejos da noite de São João.” (P. Cavalcanti)

32. “Pouco me importa me batas pelo dobro.” (Carlos Drummond de Andrade)

33. “E treme, e cresce, e brilha, e afia o ouvido, e escuta.” (Olavo Bilac)

34. “A mim é que não me enganam.” (Monteiro Lobato)

35. Outro dia João ia pela calçada. Minto, pela rua.

36. “A brisa do Brasil beija e balança.” (Castro Alves)

37. A natureza parece estar chorando.

38. “Vi uma estrela tão alta, / Vi uma estrela tão fria! / Vi uma estrela luzindo, / Na minha vida vazia.” (Manuel Bandeira)

39. Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.


40. Com a alma purificada, ele partiu para a eternidade.

FONTE: 36 lições práticas de gramática (Ulisses Infante) – Editora Scipione.

domingo, 11 de dezembro de 2016


PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS

Observe o exemplo:
O homem que mente é desprezível.

mentiroso que mente = mentiroso

Que mente é uma oração subordinada adjetiva. Oração subordinada adjetiva é a que equivale a um adjetivo.

Como reconhecer uma oração subordinada adjetiva?

Observe o exemplo:

O professor indicou os livros que deveriam ser lidos.

Nem sempre a oração adjetiva pode ser substituída por um adjetivo correspondente. De fato, não conseguimos encontrar um adjetivo que substitua a oração apresentada no exemplo acima: no entanto, trata-se de uma oração subordinada adjetiva. Como é que sabemos? É uma oração adjetiva porque:

1. faz o papel de um adjetivo, restringindo, delimitando o sentido do substantivo livros (não são todos os livros que deverão ser lidos; apenas alguns, aqueles que o professor indicou);
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2. é introduzida por um pronome relativo: que. São pronomes relativos: quem - que - qual - cujo - onde - quanto

Quanto: é pronome relativo quando for precedido de tudo, todos.
Exemplo: Faça tudo quanto ele lhe disser.

Quem: é pronome relativo se vier precedido de preposição.
Exemplo: Este é o mestre a quem muito devemos.
Onde: é pronome relativo quando for substituível por em que, no qual, na qual, nos quais, nas quais.
Exemplo: Este é o País onde nasci.

Como distinguir um que pronome relativo de um que conjunção?

Muito simples: se o que for substituível por o qual, os quais, as quais é pronome relativo e a subordinada que inicia é adjetiva.

Exemplos:
Voltou a inquietude que sentira pela manhã.
Voltou a inquietude a qual sentira pela manhã.

Tipos de orações adjetivas

As orações subordinadas adjetivas podem ser:

Restritivas: indicam uma parte do todo.
Exemplo: Os carros que não tiverem placa serão multados.
(Não serão multados todos os carros, mas apenas aqueles sem placa, uma parte do todo.)

Explicativas: indicam alguma qualidade pertencente (inerente) ao ser.
Funcionam como se fossem um aposto, por isso são marcadas por vírgulas.

Exemplo:
O homem, que é um ser mortal, tem uma missão sobre a terra.

EXERCÍCIOS

1. Que adjetivo substitui a oração subordinada adjetiva destacada?

a) O homem [que trabalha] merece recompensa.
  
b) O aluno [que se esforça] aprende.

c) Visitamos uma praia [que atrai] pelo sossego e beleza.


2. Substitua o adjetivo pela oração subordinada adjetiva correspondente.

a) Este é um caso [insolúvel].

b) Costuma receber a todos com um sorriso [acolhedor].

c) É uma moça [encantadora].


3. Circule o pronome relativo e sublinhe a subordinada adjetiva:

a) “Não vejo nada senão a névoa que toca o vento.” (M. Bandeira)
  
b) Há homens que não merecem confiança.
  
c) “Deixei-o na sua tristeza que parecia incurável.” (João Ribeiro)
  
d) Admirava as estrelas que bordavam o véu da noite.

 e) Saíram todos quantos assistiram ao jogo.


4. Observe, nos modelos abaixo, o emprego da preposição antes dos pronomes relativos.

a) O navio chegou ao porto. Nele vinha meu tio.
O navio [em que vinha meu tio] chegou ao porto.

b) Consegui o emprego. Eu preciso muito dele.
Consegui o emprego [de que (do qual) eu muito preciso].

c) Nossos professores são atenciosos. A eles devemos gratidão.
Nossos professores, [a quem (aos quais) devemos gratidão,] são atenciosos.

d) Este é o livro. Sou amigo do autor.
Este é o livro [de cujo autor sou amigo.]

e) Era um sujeito engraçado. Os colegas deram-lhe o nome de Risadinha.

f) Os navios aportavam nas Américas. Neles vinham os escravos.

g) Já tirou os documentos. Precisava deles para viajar.

h) Estes são os jornalistas. Concordo com eles.

i) Esta é a garota. Gosto dela.


5. Escreva (R) para oração adjetiva restritiva e (E) para explicativa:

a) Os alunos que chegarem atrasados serão advertidos.

b) A vida, que é curta, deve ser bem aproveitada.

c) A perseverança, que é a marca dos fortes, leva a sucessos na vida.

d) Quero somente as fotos que saírem perfeitas.

e) Pedra que rola fica lisa.

f) O carro que bateu vinha a mais de oitenta.


FONTE: 36 lições práticas de gramática (Ulisses Infante) – Editora Scipione.