quarta-feira, 24 de abril de 2019

Produção Textual elaborado por uma aluna



Carta Argumentativa de Leitor

Itu, 19 de março de 2019.

Caro editor,

       O título da matéria: Bullying, abandono e saúde mental.Os verdadeiros responsáveis pela tragédia em Suzano, me chamou atenção.
Para toda tragédia procuramos um responsável, isto porquê desde sempre somos incapazes de assumir a culpa, somos incapazes de reconhecer que tais atos são regidos e treinados por nós! Uma sociedade doente, gerando filhos doentes em um ciclo sem fim. Diante de tal cenário é quase impossível discordar do escritor Augusto Cury que em uma de suas obras chamada: ’’em busca do sentido da vida ‘’ propõe que o grande responsável pelo maior massacre do mundo durante a segunda guerra mundial, não foi o fanático Adolf Hitler, e sim a educação.
A educação foi capaz de formar um líder esplêndido, hábil em unir várias nações em uma só ideologia, incalculavelmente estratégico, dono do maior impacto de figura histórica em um curto espaço de tempo. Mas não foi capaz de moldar um homem gerenciador de suas próprias emoções, com alto controle suficiente para tecer seu caráter. As escolas formam gênios, mas não formam cidadãos emocionalmente saudáveis.
Gerenciar emoções deveria ser mais crucial que Português e Matemática ou raciocínio lógico.
O bullying, o abandono, a saúde mental é só um sintoma, nós somos o vírus.
Cordialmente.
S.V.S.B. / SEGUNDO TERMO DO ENSINO MÉDIO / CEEJA.



segunda-feira, 22 de abril de 2019

Produzindo um artigo de opinião


PRODUÇÃO TEXTUAL ELABORADO POR UM ALUNO

A sociedade tolera agressão sexual às mulheres? NUNCA!

Lendo a matéria que aborda um assunto que não é e nunca foi novidade pra ninguém, me deparei com números de pesquisas um tanto quanto exagerado, não que eu não acredite que sejam altos, mas que sejam mais realistas. Outro problema encontrado nesta mesma ‘’pesquisa’’, vários participantes desta enquete foram quase que unânimes em culpar vítimas.
Nenhuma pesquisa ou estudo são de fato conclusivos, servem para se ter uma ideia daquilo para a qual foi destinada.
Sabemos que este tipo de crime tem tomado proporções alarmantes, e isso ocorre em qualquer hora e local do dia, nunca elas estarão seguras.
Diariamente tomamos conhecimento através dos noticiários que relatam inúmeros casos de abusos e estupros. Qual o perfil dessas vítimas? Não, não existe perfil, classe social, raça e muito menos idade. Não existe local, hora, data ou motivo, basta ser do sexo feminino.
Não importa a circunstância, o agressor sempre será o culpado. Responsabilizar as drogas, bebidas, ou o comportamento ‘’inadequado’’ das vítimas, é no mínimo uma falta de caráter sem tamanho.
Mas deixo aqui um simples conselho .... Mulheres tomem a devida precaução; lugar, hora e companhia devem ser escolhidas com cautela, todo o cuidado é pouco!
Direito de ir e vir à parte, nunca é demais sermos prudentes, pois prevenir é absolutamente melhor e eficaz do que remediar.
C.Y.S. / TERCEIRO TERMO DO ENSINO MÉDIO / CEEJA.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Estratégia Textual


Estratégias para surpreender o leitor

Relato de um guerreiro 

Histórias ...., muitas histórias eu ouvi. Algumas delas muito empolgantes , outras bem tristes. Mas independente de como seria a minha história eu já sabia qual seria o meu fim.
Eu como muitos, fui designado para uma tarefa difícil , na verdade sempre soube disso por causa da minha estrutura robusta , forte , resistente , durão...Por causa dessa minha aparência sou ignorado por todos, porém ‘’elas ‘’ mantêm uma relação ‘’amigável’’ comigo porque garanto a segurança deles , pelo menos em partes.
Minha vida nunca foi fácil. Todos os dias sou escalado para trabalhar arduamente , sou maltratado sempre.
Sofro agressões diárias e constantes , às vezes um simples arranhão , outras vezes sou atingido por pedras , paus, barras de ferro ... Inúmeras vezes presenciei amigos e alguns parentes meus não resistirem a tantos ferimentos e serem abandonados e descartados sem nenhum remorso.
Triste tudo isso, mas esta é a minha sina , o meu destino. Nasci para ser guerreiro , e como um bom soldado , não fujo da luta . Sei que brevemente morrerei em combate para garantir à segurança a quem não dá a mínima pra mim.
Essa é a minha história , um breve e simples relato de um sapato de segurança.
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Absolutamente 100% das vezes mostro a verdade .Há quem me menospreze, há quem reclame, há quem me odeie , há os que perdem o sono , a fome , a paz.... Independente de qualquer coisa , sou implacável e controlo tudo o que existe neste mundo.
Muitos alimentam expectativas e esperanças junto à mim, outros simplesmente ignoram a minha existência , chega a ser hilário ! Com tudo isso afirmo que ninguém vive ou sobrevive sem mim. Sim! Todos dependem de mim.
Há momentos que me sinto o próprio juiz , mas outrora o pior dos carrascos . Tem dias que pareço fazer o bem , mas ao mesmo tempo pareço fazer o mal. Muito das vezes trago alegrias , mas muito das vezes trago tristezas .
Embora meio a tantos dilemas sou infalível , sincero e justo , não me vendo e não me corrompo ; não me antecipo e nunca me atraso. Acima de mim só Deus ! Prazer sou eu, o tempo .
C.Y.S.
Produção de texto de um aluno que cursa o terceiro termo do Ensino Médio / CEEJA

                                     ENTRE  QUATRO  ‘’PAREDES’’.

E lá se vai mais um dia... Preso entre quatro ‘’paredes’’ , sem espaço , sem poder sair, sozinho , solitário... Todas as manhãs , todas as noites , na esperança disso acabar.
Sinto ainda mais angústia ao lembrar de quando podia desfrutar da liberdade afora. Por vezes sinto frio e fome sem meu pão de cada dia.
O Sol no horizonte , o anoitecer chegando . Até que a escuridão toma conta . Planejo escapar , no entanto não sou capaz , é perigoso e me causaria dor.
De tempos em tempos me esquecem completamente . Reclamo , mas não entendem , me mexo , porém, não veem. Essa vida não aguento mais, será que um dia isso termina ?
Tudo que mais queria agora era ser liberto, ser livre, conhecer amigos iguais a mim ...Que eu pudesse ser liberto do aquário e vivenciar as águas marinhas do oceano . 
 A.C.
Produção de texto de um aluno que cursa o terceiro termo do Ensino Médio / CEEJA


Titulo: A Partida.

Meus pais sempre me diziam que em algum momento eu fosse me transformar em algo grande de brilhar os olhos de todos, sempre quis ser a mais bela por dentro e por fora, me sentia incrível, porem meus pais me traziam sempre para um cenário que não me agradava, me contando que em algum momento mesmo com toda a minha beleza eu partiria. O tempo foi passando me via em lugares escuros com grande movimentação , as vezes bem desconfortável, apertado, sem falar no cheiro. Sempre passavam as mãos em mim , de forma nada confortável me apertando , sempre ouvia comentários sobre minha aparência e também sobre minhas manchas. Sem contar que tinha momentos em que tudo clareava , depois tudo escurecia do nada, de forma muito estranha. Quando eu passava por este momento , eu me lembrava de quando meus pais me falavam sobre aquele cenário que não me agradava. Mais ao fim me conformei que um dia seria partida. Afinal , as melancias precisam estar bem vistosas para serem escolhidas e depois partidas.
                                                                                                                   V. S.P. O.                                                                                                                      


                                          



Alguns escritores brasileiros aniversariantes do mês de abril


ESCRITORES - ANIVERSARIANTES / MÊS DE ABRIL

ALUÍZIO DE AZEVEDO 

(14/04/1857 [São Luís]- 21/01/1913[Buenos Aires])

Considerado o pioneiro do naturalismo no Brasil

Obras:
Uma Lágrima de mulher (1880);
O Mulato (provocou escândalo na época de seu lançamento);
Casa de pensão (consagração);
O Cortiço (obra mais importante);
Condessa Vésper;
Girândola de amores;
Filomena Borges;
O Coruja;
O homem;
O Esqueleto;
A Mortalha de Alzira;
O Livro de uma sogra;

Fundador da cadeira n. 4 da Academia Brasileira de Letras.

Ao entrar para a carreira diplomática abandonou a produção literária.

Faleceu em Buenos Aires.

                                  
                 
MANUEL BANDEIRA


(19/04/1886 - 13/10/1968)

1912 - Escreve seus primeiros versos livres;

1913  - Embarca para o sanatório de Clavadel (Suíça), a fim de se tratar de uma  tuberculose. Em virtude da eclosão da Primeira Guerra Mundial volta ao Brasil. Conhece lá Paul Éluard e Gala (que  casaria depois com Salvador Dali);

1917 - Cinza das horas (edição de 200 exemplares custeadas pelo autor)

1919 - Carnaval (desperta entusiasmo entre os modernistas);

1921 - Conhece Mário de Andrade numa reunião na casa de Ronald de Carvalho no Rio de Janeiro;

Na Semana de Arte Moderna Ronald de Carvalho lê o poema "Os Sapos" do livro Carnaval.

1924 - Poesias ( reune  A cinza das horas e Carnaval)
           Ritmo dissoluto;

Colabora com crônicas semanais no Diário Nacional de São Paulo e na Revista de Antropofagia;

1930 - Libertinagem;

1936 - Estrela da manhã;
           Crônicas da província do Brasil;

1937 -  "Prêmio da Sociedade Felipe de Oliveira" pelo conjunto da 
            obra.
             Poesias escolhidas;
            Antologia dos poetas brasileiros da fase Romântica;

1938 - Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana;
            Guia de Ouro Preto;

1940 - Eleito para Academia Brasileira de Letras;
            Poesias completas;
           Noções de história das literaturas;

1946 - Apresentação da poesia brasileira;
            Antologia dos poetas brasileiros bissextos  contemporâneos; 

1949 - Literatura  Hispano americana;

1951 - Opus 10;

1954 - Itinerário de Pasárgada;

1958 - De poetas e de poesias;
           Gonçalves Dias (Coleção Nossos Clássicos);

1966 - Comemoração de seus 80 anos;
            Estrela da vida inteira;
            Andorinha, Andorinha.

                              

LYGIA FAGUNDES TELLES
(19/04/1923 [São Paulo] - )

1931 - Escreve nas últimas páginas de seus cadernos escolares as histórias que irá contar nas rodas domésticas;

1938 - Porão e sobrado  (Contos) - edição paga pelo pai.
1944 - Praia viva;
1941 - O cacto vermelho;
1952 - Ciranda de pedra;
1962 - Verão no aquário;
            As meninas;
1964 - Histórias escolhidas;
           O Jardim selavagem;
1970 - Antes do baile (Prêmio Internacional Feminino para estrangeiros, na França);
1973 - As Meninas (Todos os prêmios literários importantes no país - Coelho Neto(ABL) e
                 Jabuti (CBL);
1977 - Seminário de ratos;
1991 - A Estrutura da bolha de sabão;
1982 - Eleita para Academia Paulista de Letras;
1985 - Eleita para Academia Brasileira de Letras;
1989 - As Horas nuas(Comenda Português Dom Infante Santo);

1990 - Seu filho Godoffredo Neto, realiza o documentário "Narrarte" sobre sua vida e obra;

1995 - A Noite escura e mais eu (melhor livro de contos pela Biblioteca Nacional e Prêmio Jabuti);

1996 - Estréia do filme "As Meninas" baseado em seu romance;

2001 - Invenção e memória ("Prêmio Jabuti" categoria ficção;
           Título de "Doutora Honoris Causa" pela UNB;

2005 - "Prêmio Camões" (O mais importante da literatura em língua portuguesa)
  

                                             

MONTEIRO LOBATO

Nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo no ano de 1882;

Precursor da literatura infantil no Brasil;

Primeiros contos foram publicados em jornais e revistas e reunidos posteriormente em Urupês.

Tornou-se editor numa época em que os livros brasileiros eram editados em Paris e Lisboa.

Dedicou-se a um estilo de escrita com linguagem simples e cheia de fantasia;

Personagens mais conhecidas  da obra O Sítio do Pica Pau amarelo:

 Emília - uma boneca de pano com sentimentos e idéias independentes;
Pedrinho;
Visconde de Sabugosa (espiga de milho que tem atitudes de adulto);
Saci Pererê;

Escreveu outras obras infantis:

A Menina do nariz arrebitado;
Fábulas do marquês de rabicó;
Reinações de narizinho;
Emília no país da gramática;
Memórias da Emília;
........

Algumas  obras para adultos:

O Presidente Negro
Negrinha;
O Choque das raças;
A Barca de Gleyre;
Cartas de amor;
Escândalo do Petróleo (demonstra nacionalismo posicionando-se favorável a exploração do Petróleo apenas por empresas brasileiras,

Morreu no ano de 1948.





quarta-feira, 3 de abril de 2019

Curiosidades Literárias


  Literatura dos Povos Indígenas
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A literatura indígena é marcada pela tradição de uma narrativa com fortes traços da oralidade, ampliada por sistemas de representação por meio dos grafismos, que constituem uma narrativa outra, que difere do conceito estrito da palavra impressa.  Os grafismos indígenas são narrativas de histórias e informações com uma linguagem e leitura própria, portanto devem ser valorizados na sua especificidade.
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Cada povo indígena tem sua própria maneira de interpretar suas pinturas e grafismos, um exemplo disso, é o povo Kaingáng que usa essas pinturas nas cerimônias e rituais, nas comemorações de casamentos e também no ritual dos mortos. Esse povo usa o grafismo dividindo –o em duas grandes famílias ou metades, e estas marcas são chamadas de Rá, o Rá Téj que pertence à noite e à lua; e o Rá Ror que pertence ao sol ou dia; esses grafismos definem  a metade tribal à que o indígena, animais, plantas e objetos pertencem.


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Houve uma abertura de mercado para a literatura de origem indígena a partir dos anos 1990. Indígenas perceberam quando esta demanda começou e passaram a propor textos para as editoras comerciais. Antes disso – e até os dias de hoje – muitos livros foram publicados por instituições de apoio à causa indígena e por  não terem objetivos comerciais  ficam invisíveis. A novidade para essas leituras  era  escrever textos que tivessem um cunho educativo.A literatura dos povos indígenas é muito usada na contação de história, por quem as lê, pois elas trazem uma teia de possibilidades de gerar imagens, gestos, cores, magias, sons. Essas narrativas são  muito ricas em detalhes e em imaginação aproximando o universo indígena do não-indígena usando esse material como apoio pedagógico .



Confira uma seleção de obras escritas por autores índios e não índio


Eis aqui alguns exemplos :

A Terra sem Males: Mito guarani
O mito guarani de A Terra sem Males é o foco desta obra direcionada para o público infanto  juvenil. 
À simplicidade da narrativa somam-se a complexidade do mito e sua relevância 
na cultura guarani. O leitor 
não índio, possivelmente, construirá um diálogo de parte do mito com a narrativa bíblica do Dilúvio, mas a narrativa abre as portas para uma discussão sobre as especificidades 
da cultura desse povo. Informações que seguem 
a narrativa são acompanhadas por grafismos geométricos, 
que dialogam com formas de expressões indígenas. Questões diversas, como 
a história dos guarani, 
a resistência e diversidade indígena no Brasil, as migrações e a demarcação das terras podem ser aprofundadas, servindo como propostas 
para pesquisa.
A Terra sem Males: Mito guarani. São Paulo, Jakson de Alencar, Paulus, 2009 (Coleção Mistura Brasileira)
A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio

Este foi o primeiro livro escrito por um autor indígena brasileiro que li e a obra me apresentou novas possibilidades de ver os índios na história e na literatura. 
O texto mostra o poder da palavra na tradição ancestral indígena, aponta a pluralidade de etnias, conta como os povos nativos leem o mundo, constroem suas identidades e suas relações com os não índios, revelam respeito pelo poder criador e pela terra. O livro é um relato individual e ancestral, mas muito mais que isso: trata-se de um convite para conhecermos a história tribal brasileira, a contribuição e presença dos povos indígenas no Brasil de hoje.
A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio, de Kaka Werá Jecupé. São Paulo: Peirópolis, 1998 (Série Educação para a Paz)  
Câmera na Mão, o Guarani no Coração

Ler O Guarani, de José de Alencar, constitui desafio para muitos jovens. Contudo, o texto de Scliar pode promover o interesse pela leitura da obra de Alencar. Em uma linguagem contemporânea, o narrador conta, em primeira pessoa, como foi motivado à leitura de 
O Guarani para produzir um filme e concorrer a um prêmio. O que o leitor acompanha, porém, é a trajetória do personagem que vai aos poucos se transformando em leitor, não só de livros, mas de discursos, estereótipos, realidades sociais e contextos culturais. O personagem e seus amigos leem 
O Guarani e o leitor também 
o faz, enquanto todos aprendem a apreciar criticamente a construção do índio pela literatura 
do século XIX.
Câmera na Mão, o Guarani no Coração, de Moacyr Scliar. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2008 
Kurumi Guaré no Coração da Amazônia

De autor amazonense, a obra narra aventuras infantis e descreve o povo maraguá. Além de acompanhar registros da memória do narrador, uma auto e cosmorrepresentação, e ensinamentos dos povos da floresta, o leitor pode observar a composição multimodal do texto e os símbolos maraguá. Grafismos indígenas constituem uma poética que traduz uma vontade política de expressão de identidade, contam histórias complementares e podem sinalizar a origem do texto na tradição ancestral. A compreensão da obra envolve uma leitura dos símbolos maraguá, do Glossário Nheengatú e de termos regionais amazônicos. Há um enredo nos desenhos da obra de Yamã que lança o leitor para uma rede de significados construídos na interação entre palavra e imagem.
Kurumi Guaré no Coração da Amazônia, de Yaguarê Yamã. São Paulo: FTD, 2007
Sepé Tiaraju: Romance dos Sete Povos das Missões

Há obras que buscam reconstruir, pela ficção, figuras indígenas heroicas. 
É o caso do romance que, narrado pela perspectiva 
de um jesuíta, em um vaivém da memória, destaca a resistência dos Sete Povos das Missões (RS) e de um dos líderes e guerreiros indígenas do Sul do Brasil, Sepé Tiaraju. No texto, Tiaraju é apresentado pela visão do colonizador, Michael, ou Padre Miguel. Seu olhar constrói o herói indígena e a história da colonização dos povos indígenas pela missão catequizadora dos jesuítas 
e pela política europeia. Documentos históricos, como os tratados de Tordesilhas e de Madrid, além de conflitos e migrações indígenas formam o contexto da obra.
Sepé Tiaraju: Romance dos Sete Povos das Missões, de Alcy Cheuiche. Porto Alegre: AGE, 2012 
O Karaíba: Uma história do pré-Brasil

No romance O Karaíba, Munduruku narra, em linguagem poética, a história de povos que viviam numa terra ainda não chamada Brasil, numa época na qual os índios não eram assim chamados. Não haviam sido colonizados, mas antecipavam mudanças vindas do contato com europeus. O texto nos apresenta essa terra como um personagem com um passado, com povos que vivem à sombra de uma profecia anunciada pelo velho Karaíba, de que 
“um grande monstro” viria 
e destruiria tudo. A obra preenche uma lacuna histórica e literária e apresenta costumes, crenças e leituras do mundo pela visão cultural indígena. Assim, constrói vozes para povos que não tiveram 
sua palavra registrada e enfrentaram a crueldade 
da colonização europeia 
e da escravidão.
O Karaíba: Uma história do pré-Brasil, de Daniel Munduruku. Barueri, SP.: Manole, 2010
Amazonas: Pátria da água = Water Heartland

Com prosa e poesia, Thiago de Mello traça sua gênese e conduz os leitores em uma viagem pela extensão do Rio Amazonas, percorrendo sua história e dos homens que nele navegaram: os índios que chegaram à Amazônia, as icamiabas, 
os exploradores e cronistas europeus e o poeta. Nesta edição bilíngue, que conta com as encantadoras fotografias de Luiz Cláudio Marigo, o poeta descreve com suavidade a beleza 
e a tristeza das águas, da floresta, das plantas e dos animais da Amazônia e trata de seus espíritos protetores, que tentam defender a floresta da ganância, do lucro, da caça predatória. 
O poeta retrata os cantos dos índios, suas angústias 
e sofrimentos, mas anuncia a esperança de que a vida ainda pode ser salva.
Amazonas: Pátria da água = Water Heartland. Textos e poemas, Thiago de Mello.  SP:  Boccato, 2007
Maíra

O entrelaçamento das culturas indígenas e europeias nunca esteve tão em evidência quanto neste romance de Darcy Ribeiro. Nele, o autor emprega seus conhecimentos para criar uma obra com esferas culturais e vozes narrativas que se cruzam: dos índios, dos não índios e dos seres sobrenaturais ou demiurgos. O texto revela o encontro de cosmogonias e o entrelugar cultural de Avá/Isaías, um índio mairum que se torna sacerdote cristão, 
e Alma, jovem carioca que vive com os índios. 
A história tem início com uma investigação policial, mas conduz à investigação das identidades culturais brasileiras, em uma narrativa cuja confluência de discursos é projetada 
no capítulo final. Vale a pena ler esta obra para apreciar seu caráter multicultural e literário.
Maíra, de Darcy Ribeiro. São Paulo: Global, 2014