REDAÇÃO – DISSERTAÇÃO
No texto dissertativo, emitimos nosso ponto de vista
sobre determinado assunto. Para que possamos emitir opinião com clareza,
precisamos organizar muito bem nossas ideias, fatos e argumentos. Daí a importância de seguir uma determinada
estrutura, que, geralmente, é constituída de introdução, desenvolvimento e conclusão.
A introdução deve conter a ideia principal a ser
desenvolvida.
O desenvolvimento é exposição de argumentos que vão
fundamentar a ideia principal.
A conclusão é a retomada da ideia principal, que
deve aparecer de forma mais convincente, uma vez que já foi fundamentada
durante o desenvolvimento. Veja como está estruturado o texto que segue:
Atualidade fabricada
Na teoria do jornalismo, a notícia
situa-se como o elemento básico do fenômeno jornalístico. Notícia está ligada a
fato novo. Modernamente, alguns autores preferem usar o termo informação, para
referir-se ao fato detonador do processo.
A notícia resume o fato; pode ser
ampliada ou não. Já a reportagem trata de assuntos não necessariamente
relacionados a fatos novos. Na reportagem, busca-se certo conhecimento do
mundo, o que inclui investigação e interpretação. De qualquer modo, notícia e
reportagem apresentam uma dimensão temporal bem demarcada. A notícia, mais
colada ao presente, ainda ocupa grande parte dos jornais diários, mas sua
difusão está-se dando principalmente pelos veículos eletrônicos. Em virtude da
concorrência do rádio e da TV, os jornais impressos passaram a investigar
causas e consequências, a interpretar, num crescendo em direção à reportagem.
No sentido de registro do fato, a
atualidade não está muito presente na imprensa feminina devido a seus conteúdos
tradicionais: moda, beleza, culinária, decoração aceitam a ligação com o atual,
mas não são por ele determinadas. A moda tem obrigação de ser atual, só que em
função das tendências de mercado e sua atualidade pré-fabricada. Quando a
imprensa feminina dá espaço a pessoas ligadas a acontecimentos atuais –
geralmente astros de cinema e TV -, utiliza o que Evelyne Sullerot chama de
atualidade romanesca, que cria um clima de ficção e fantasia em torno de atos e
sentimentos.
(BUITONI, Dulcília Schroeder, Imprensa
feminina, São Paulo, Ática, 1966, pág. 12 – Série Princípios.)
O texto Atualidade não conta uma história,
não descreve um lugar. Apresenta ideias, definições de notícia, reportagem e a
presença da atualidade feminina. Assim, o texto pode ser classificado como
dissertativo.
Ele apresenta uma estrutura
interessante: no primeiro parágrafo, define-se notícia; no segundo, compara-se
notícia e reportagem sob a luz da atualidade; já no terceiro, coloca-se que a
atualidade da notícia e da reportagem não está presente na imprensa feminina.
Observe que o parágrafo foi usado de
modo inteligente para organizar o texto, dando-lhe clareza:
1º parágrafo: a notícia é o elemento básico do fenômeno
jornalístico.
2º parágrafo: já a reportagem trata de assuntos não
necessariamente relacionados a fatos novos.
3º parágrafo: a atualidade não está muito presente na imprensa
feminina.
Assim, o caminho foi a notícia, a
reportagem, não a atualidade da imprensa feminina. O pensamento da autora
caminhou do particular (a notícia) para o geral (a imprensa feminina não é
atual).
Quando desenvolvemos uma dissertação
argumentativa, devemos convencer nosso leitor sobre nossos pontos de vista,
como se fôssemos advogados defendendo um réu. Numa dissertação aparecem sempre
argumentos a favor ou contra.
Argumento favorável: o computador, a
cada momento, torna-se mais presente na vida de todos nós. A importância da
informática tende a aumentar no futuro; logo, a pessoa que não conhecer
informática enfrentará sérios problemas. É muito válida, portanto, a ideia de
ensinar computação nas escolas.
Argumento desfavorável: neste momento de
profunda crise econômica em que, para os alunos, está difícil manter-se e
estudar, não é aconselhável o ensino de computação nas escolas, porque tal fato
traria muitos gastos para os estudantes, já que o material necessário custa
altas somas. Embora reconheçamos a importância da computação, no momento atual
julgamos dispensável o seu ensino.
Conclusão: há argumentos favoráveis e
desfavoráveis ao ensino de computação nas escolas.
Nós, entretanto, julgamos extremamente
oportuno o ensino de computação por uma razão muito simples: a função da escola
é preparar o aluno para a vida futura. E na vida futura a informática estará
presente em todos os campos.
Redação nota 10 do ENEM 2006
Quadro Negro
Se
para Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros, para os governantes
diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de
notória importância. Basta-nos observar a relevância da escrita até mesmo na
marcação histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história.
Em
uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-se uma
exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das
anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a
Ohm, sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutenberg,
muito devemos a esses escritos. Desta forma, iniciamos o nosso processo de
transformação adquirindo tamanha produção intelectual que nos é
disponibilizada.
A
aquisição de ideias pelo ser humano apresenta um grande efeito colateral: a
reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a
mesma frequente em nossas vidas. Outrossim, é impossível que a nossa visão do
mundo ao redor não se modifique com essa capacidade adquirida.
Embora
a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante, precisam
ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta nos é intrínseca e
gera novas ideias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e
nunca terminamos de transformar e sermos transformados.
A
leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida,
porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso
pensar. Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Brasil
de Monteiro Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de ideias,
pensamentos, autores, repleto de transformação e de vida.