POESIA E PROSA
Leia
os textos a seguir:
Texto 1
A caça predatória interrompe o ciclo
vital de muitas espécies; por isso, é proibido comprar, bem como caçar,
machucar ou aprisionar espécimes da fauna silvestre em todo o território
nacional. É ilegal ter um animal silvestre como animal de estimação.
(Vários autores, terra o coração ainda
bate. Porto Alegre, Tchê, 1990. P. 66-67).
Texto 2
Falta
a ele: não espaços
Nem
horizontes nem casas:
Sobra-lhe
uma roupa enjeitada
Que
lhe decepa as asas.
O
pássaro preso é um pássaro
Recortado
em seu domínio:
Não
é dono de onde mora,
Nem
mora onde é inquilino.
(CACASO, Beijo na boca e outros poemas.
São Paulo, Brasiliense, 1985. P. 127).
No texto 1, as linhas ocupam toda a
extensão horizontal da página (linhas contínuas), excetuando as margens
convencionais. O texto divide-se em blocos chamados parágrafos. Esse tipo de texto está
escrito em prosa,
ou seja, é uma linguagem direta, usual, o veículo de comunicação do pensamento.
Na prosa, predomina a denotação (linguagem objetiva).
No texto 2, as linhas ocupam toda a
extensão horizontal da página. O texto divide-se em blocos chamados estrofes.
Cada linha do poema é denominada verso. Esse tipo de texto está escrito em versos,
ou seja, uma linguagem subjetiva que apresenta certo ritmo. Na poesia,
predomina a conotação (linguagem subjetiva, figurada).
Observação:
O texto 2 é um poema, portanto escrito em versos,
com uma criação rítmica e melódica, de conteúdo emotivo e lírico. É possível
haver poesia tanto no texto escrito em versos quanto no texto escrito em prosa.
Quando ocorre a segunda possibilidade, dá-se o poema em prosa ou prosa poética.
Geralmente haverá prosa poética quando ocorrerem as seguintes características:
conteúdo lírico ou emotivo, recriação lírica da realidade, utilização artística
do poético, linguagem conotativa.
ELEMENTOS DE VERSIFICAÇÃO
Verso: é a unidade rítmica de um poema (cada linha da
estrofe é um verso). No texto 2, por exemplo, há quatro versos na primeira
estrofe e quatro versos na segunda estrofe.
Estrofe: é o agrupamento de versos. No texto 2, por exemplo,
há duas estrofes (dois agrupamentos de versos). Quanto ao número de versos, as
estrofes podem ser chamadas de: monóstico (um verso); dístico (dois versos); terceto (três
versos); quadra
ou quarteto
(quatro versos); quintilha (cinco versos); sextilha (seis versos); sétima (sete versos); oitava
(oito versos); nona
(nove versos); décima
(dez versos).
Poema: é o agrupamento de estrofes ou versos. Obs.: podemos
ter poema com apenas uma estrofe.
Rima: é a semelhança de sons no final ou no interior dos
versos. Os versos sem rima são chamados de brancos ou soltos, muito usados pelos poetas
modernistas.
Estribilho: é um verso que se repete no fim das estrofes ou uma
estrofe que se repete no poema.
Recitação: é a leitura dos versos em voz alta. Para uma boa
recitação, são necessárias as seguintes características: gesticulação adequada,
sem exageros; expressão fisionômica de acordo com o conteúdo da leitura;
pronúncia das palavras conforme o ritmo do poema.
Ritmo: é a sucessão alternada de sons tônicos (fortes) e
átonos (fracos), repetidos com intervalos regulares, para uma cadência
agradável.
Versos livres: são aqueles que não seguem as regras de versificação
tradicional, como número de sílabas e a distribuição de acentos, isto é,
distribuição de sons fortes e fracos.
SONETO
Leia
o poema a seguir:
Sete
anos de pastor Jacob servia
Labão,
pai de Raquel, serrana bela;
Mas
não servia ao pai, servia a ela,
E
a ela só por prêmio pretendia.
Os
dias, na esperança de um só dia,
Passava,
contentando-se em vê-la;
Porém
o pai, usando de cautela,
Em
lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo
o triste pastor que com enganos
Lhe
fora assi negada a sua pastora,
Como
se a não tivera merecida,
Começa
de servir outros sete anos,
Dizendo:
- Mais servira, se não fora
Pera
tão longo amor tão curta a vida.
(Luís Vaz de Camões)
Observação: termos arcaicos utilizados: assi: assim; Pera: por.
No poema de Luís Vaz de Camões, escritor
do Classicismo português, podemos verificar que: na primeira estrofe, há quatro
versos; na segunda estrofe, há quatro versos; na terceira estrofe, há três
versos; na quarta estrofe, há três versos. Portanto, podemos dizer que o poema
possui dois quartetos e dois tercetos, num total de catorze versos
decassílabos. Essa forma fixa de poema foi trazida da Itália para Portugal por
Sá de Miranda (1481-1588) e é chamada de medida nova ou SONETO.
O
soneto ficou conhecido como medida nova porque antes os poemas eram escritos em
cinco ou sete sílabas, chamadas redondilhas. Os versos de cinco sílabas são
chamados de redondilha menor e os versos de sete sílabas são chamados de
redondilha maior.
A contagem de sílabas poéticas é diferente
da contagem gramatical que conhecemos. As sílabas poéticas ou métricas são
contadas conforme as pronunciamos. Além disso, é importante observar que a
contagem termina na sílaba tônica da última palavra do verso.
Veja:
“Se/te a/nos /de /pas/tor/ Ja/cob/ ser/vi/a.” (dez sílabas poéticas) verso
decassílabo.
“La/bão,
/pai/de/ Ra/quel,/ ser/ra/na/ be/la.” (dez sílabas poéticas) verso decassílabo.
(Camões)
“Meu/
gri/to/ de/ mor/te,
Guer/rei/ros/
ou/vi.”
(Gonçalves Dias)
(Versos
pentassílabos – redondilha menor)
“Vou/-me
em/bo/ra/ pra/ Pa/sár/ga/da
Lá/
sou/ a/mi/go /do/ rei.”
(Manuel Bandeira)
(Versos
heptassílabos – redondilha maior)
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