ORIGEM E
HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
O português, língua oficial do Brasil, originou-se do latim, falado pelos latinos, um povo que habitava o Lácio, região central da Itália.
Roma,
capital do Império Romano, ao longo dos séculos foi dominando as cidades mais
importantes da Itália e já no século III antes de Cristo tinha sob sua posse quase
todo o território italiano.
O povo
dominador sempre impõe sua cultura – e, portanto, sua língua – ao povo
subjugado. Com os romanos não foi diferente. Impuseram o latim a todos os povos
por eles conquistados.
Da Itália,
os exércitos romanos espalharam-se por toda a Europa, pela Ásia e África. O
latim passou a predominar sobre a língua dos povos que habitavam essas regiões.
No século II antes de Cristo, Roma podia ser considerada como a capital do
mundo, e o latim, como a língua oficial do Império Romano.
A língua latina
apresentava dois níveis:
1. o latim literário: língua falada e escrita, empregada em textos literários,
filosóficos e jurídicos;
2. o latim vulgar: língua falada, sem escrita, utilizada pela massa da população
analfabeta e considerada inculta.
O latim
vulgar era a língua utilizada por soldados, comerciantes e pela maioria das
pessoas que se dirigiam aos territórios conquistados, com a finalidade de colonizá-los.
Foi esse latim vulgar que se impôs aos povos vencidos.
Em 218
antes de Cristo, os romanos invadiram a península Ibérica, onde fica Portugal.
De lá, expulsaram os invasores cartagineses para impedi-los de chegar em Roma.
Derrotados os cartagineses, os romanos dominaram a península, impondo-lhe sua
cultura e sua língua. Esse período de imposição cultural é conhecido
como
romanização da península Ibérica (“romanização” porque a cultura romana se
impôs à cultura peninsular).
Já no
século I da era cristã o latim era a língua comum a todos os povos da
península, exceto a região onde se falava – e se fala até hoje – o basco.
O latim,
misturando-se com as línguas locais, começa a sofrer diferenciação de uma
região para outra e até mesmo de cidade para cidade. Esse é um dos fatores que
explicam a fragmentação do latim, ou seja, essa diferenciação em cada região
onde era falado que deu origem a línguas parecidas umas com as outras, mas diferentes
entre si.
Por volta
do século VII ou VIII, havia diversas línguas originárias do latim, hoje
conhecidas em seu conjunto como línguas românicas ou neolatinas (neo = novo). São línguas neolatinas:
italiano, francês, provençal, galego, romeno, espanhol e português. Isso
significa que, grosso modo, falamos um latim modificado.
Portanto,
as línguas românicas ou neolatinas surgiram da fusão entre a cultura dos
romanos e a dos povos conquistados, originando dialetos, ou seja, variedades regionais
ou sociais de uma língua. Um desses dialetos era o galego-português, falado na
região onde hoje fica
Portugal. Dele
originaram-se posteriormente duas línguas: o galego e o português. Falou-se
galego-português até o século XIV em Portugal.
Em 1279,
D. Dinis, rei de Portugal, proclama o português língua oficial do país,
abolindo o latim dos textos jurídicos oficiais. Mas somente a partir do século
XIV é que se pode falar na existência de uma língua portuguesa com
características próprias, diferente do galego. No século XIV surge a prosa
literária em português. O livro
que registrou
essa língua foi o Livro de
linhagens, de D. Pedro,
rei de Portugal. Já a primeira gramática portuguesa só surgiria em 1546,
escrita por Fernão de Oliveira.
A língua
portuguesa é atualmente a quinta mais falada no mundo, com mais de 200 milhões
de falantes. A comunidade que fala a língua portuguesa (comunidade lusófona) é formada por: Portugal; Ilhas da
Madeira, dos Açores e Cabo Verde; Brasil; Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São
Tomé e Príncipe (na África); Goa, Macau, Timor (na Ásia).
Com a
globalização, o uso da Internet, as transações comerciais e o crescente
interesse do mundo pela América Latina, o estudo da língua portuguesa em outros
países vem aumentando ultimamente.
Os
colonizadores portugueses trouxeram para o Brasil a cultura e a língua
portuguesa, que foi se enriquecendo com vocábulos de origem indígena, africana
e de outros imigrantes.
Exemplos
de palavras que herdamos de outros idiomas:
do tupi: arara, caju,
carioca, Copacabana, Curitiba, cutia, gambá, Guanabara, Ipanema, Iracema,
Iraci, jabuticaba, jacarandá, lambari, mandioca, maracujá, Paraná, saci, tatu,
Ubirajara, etc.
dos dialetos africanos: acarajé, banguela, caçula, cafundó, canjerê, canjica, dendê,
farofa, fubá, fumo, mandinga, marimbondo, moleque, ogum, quiabo, quilombo,
quitanda, quitute, vatapá, etc.
do inglês: bife, clube,
futebol, gol, hambúrguer, sanduíche, etc – de importação mais recente: software, hardware, know-how.
do italiano: bandido,
bússola, espaguete, macarrão, piano, piloto, pizza, soneto, tenor, etc.
do francês: abajur, boné,
matinê, paletó, penhoar, toalete, etc.
Observação:
Além dos exemplos
acima, existem muitos outros idiomas que influenciaram a língua portuguesa no Brasil,
como: árabe, alemão, japonês, espanhol, etc.
RADICAIS
GREGOS
Em todas
as palavras da língua portuguesa, há um elemento invariável, que é o
responsável pela base do significado. A esse elemento dá-se o nome de radical.
Se você
procurar o significado da palavra psicologia no
dicionário, verá que é a ciência que se ocupa dos fenômenos psíquicos e do
comportamento humano e animal; pode também significar: caráter, intuição, dependendo
do contexto. Se quisermos conhecer o significado etimológico (origem das palavras), precisaremos consultar um dicionário
especializado. A palavra psicologia é formada por dois radicais gregos psico- + -logia, que significam
respectivamente “alma” e “estudo”. Assim, o significado etimológico de psicologia
é “estudo da
alma”.
Relacionaremos mais alguns exemplos:
RADICAL 1
|
RADICAL 2
|
PALAVRA
|
SIGNIFICADO
|
acro-
(altura)
|
-fobia (medo)
|
acrofobia
|
medo doentio
de altura
|
antropo-
(homem)
|
-logia
(ciência)
|
antropologia
|
ciência que
estuda o ser humano
|
antropo-
(homem)
|
-fagia (ato
de comer)
|
antropogafia
|
ato de comer
carne humana
|
arqueo-
(antigo)
|
-logia
(ciência)
|
arqueologia
|
ciência que
estuda as coisas antigas
|
bio- (vida)
|
-logia
(ciência)
|
biologia
|
ciência que
estuda a vida
|
biblio-
(livro)
|
-teca (lugar
onde se guarda)
|
biblioteca
|
lugar onde se
guardam livros
|
caco- (mau)
|
-fonia (som)
|
cacofonia
|
som
desagradável.
|
cali- (belo)
|
-grafia
(escrita
|
caligrafia
|
grafia, letra
bonita.
|
clepto-
(roubo)
|
-mania
(inclinação doentia)
|
cleptomania
|
inclinação
doentia ao roubo.
|
crono-
(tempo)
|
-metro (que
mede)
|
cronômetro
|
instrumento
que mede o tempo.
|
demo- (povo)
|
-cracia
|
democracia
|
governo do
povo.
|
derma- (pele)
|
-logia
|
dermatologia
|
ciência que
estuda a pele.
|
etno- (povo,
raça)
|
-logia
|
etnologia
|
ciência que
estuda a formação das raças.
|
fono- (voz,
som)
|
-logia
(ciência)
|
fonologia
|
ciência que
estuda a voz.
|
geo- (terra)
|
-grafia
(descrição, escrita)
|
geografia
|
ciência que
descreve e analisa a superfície terrestre.
|
gêneo- (que
gera)
|
-logia
(ciência)
|
ginecologia
|
ciência que
se ocupa da moléstias das mulheres.
|
hepatos-
(fígado)
|
sufixo “-ite”
(inflamação)
|
hepatite
|
inflamação do
fígado.
|
hidro- (água)
|
-terapia
(cura)
|
hidroterapia
|
cura através
da água.
|
neo- (novo)
|
-logo (que
fala ou trata)
|
neologismo
|
palavra ou
expressão nova ou antiga usada com sentido de novo
|
orto- (reto,
justo)
|
-grafia
(escrita)
|
ortografia
|
escrita
correta.
|
pato-
(doença)
|
-logia
(ciência)
|
patologia
|
ramo da
medicina que estuda a origem, natureza e os sintomas das doenças.
|
poli- (muito)
|
-gamia
(casamento)
|
poligamia
|
que tem mais
de um cônjuge ao mesmo tempo
|
pseud-
(falso)
|
-onimo (nome)
|
pseudônimo
|
nome falso.
|
teo- (Deus)
|
-logia
(ciência)
|
teologia
|
tratado,
ciência da religião e das coisas divinas.
|
xeno-
(estrangeiro)
|
-fobo (que
odeia, inimigo)
|
xenofobia
|
aversão a
coisas ou pessoas estrangeiras.
|
zoo- (animal)
|
-logia
|
zoologia
|
ramo da
história natural que trata dos animais.
|
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