segunda-feira, 7 de agosto de 2017




CONCORDÂNCIA VERBAL


Nao! Nós vamos!


O verbo "haver"

"Haviam vários trabalhadores" ou "Havia vários trabalhadores"?

"Haja paciência!" Todos já ouvimos essa expressão. Esse "haja" é o verbo "haver" no presente do subjuntivo. Esse verbo talvez seja o mais desconhecido quanto às suas flexões. Muitas vezes é usado sem que o usuário tenha consciência de que o está usando.

Estive aqui dez anos.

O "" presente na oração é o verbo "haver" e pode ser trocado por outro verbo: "

Estive aqui faz dez anos".

Existem deslizes típicos de quem não conhece as características do verbo "haver". 

Quando se diz "Há muitas pessoas na sala", conjuga-se o verbo "haver" na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Note que não foi feita a concordância do verbo "haver" com a palavra "pessoas". Não se poderia dizer "Hão pessoas".

O verbo "haver", quando usado com o sentido de "existir", fica no singular. O verbo "existir", sim, flexiona-se normalmente:"Existem muitas pessoas na sala".

A confusão tende a aumentar quando o verbo "haver" é usado no passado ou no futuro. Em certo trecho, a versão feita pelo conjunto "Os incríveis" da canção "Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones" diz:
Não era belo, mas mesmo assim havia mil garotas a fim....

Nessa canção o verbo "haver" foi empregado com o sentido de "existir". Logo, está correta a versão com o verbo no passado e no singular.

No Brasil, diz-se "cabe dez", "sobrou 30", "falta 30". Geralmente não se faz concordância. Mas, quando não é necessário fazer, erra-se. "Houveram muitos acidentes naquela rodovia". Essa construção está equivocada. 

As construções abaixo estão corretas:

Houve muitos acidentes naquela rodovia.
Haverá muitos acidentes naquela rodovia.

Há vários trabalhadores filiados a essa associação.

Havia muitos trabalhadores filiados a essa associação.
Houve muitos trabalhadores filiados a essa associação.


Vale repetir: "O verbo "haver", quando empregado com o sentido de existir, ocorrer, acontecer, fica no singular, independentemente do tempo verbal.

O verbo "existir"


"Existe pessoas" ou "Existem pessoas"?



Já comentamos várias vezes, no "Nossa Língua Portuguesa", que no Brasil, na língua do dia a dia, a concordância nem sempre é respeitada. O verbo "existir" é umas principais vítimas desse desrespeito. 

Tomemos a letra de uma canção, "Firmamento", gravada pelo Cidade Negra, para exemplificar o seu funcionamento:

... você não sai da minha cabeça

e minha mente voa

Você não sai, não sai, não sai, não sai...

Entre o céu e o firmamento
existem mais coisas do que julga 
o nosso próprio pensar
que vagam como o vento
e aquele sentimento de amor eterno
Entre o céu e o firmamento
existem mais coisas do que julga 
o nosso próprio entendimento
que vagam como o vento
e aquele juramento de amor eterno.


Está corretíssima a construção "existem mais coisas". O verbo "existir" sempre tem sujeito e, portanto, deve concordar com ele. 

Se o sujeito é plural, esse verbo também deve aparecer no plural:

Existem coisas.

Existem pessoas.

Existem situações.


Vamos ver outro verbo que nem sempre anda na linha. A canção é "O ponteiro tá subindo", gravada pelo Camisa de Vênus:

Olhei para o relógio

e já era quase três

o que aconteceu

eu vou contar para vocês
e eu tentando entender
fazendo rock’n’roll
até o amanhecer.


Na letra do Camisa de Vênus o ponteiro pode estar subindo, subindo, mas a concordância desceu a ladeira. No verso "e já era quase três", uma referência a horário, a concordância não foi corretamente observada. O verbo "ser", na indicação de horário, deve concordar com o número de horas:

é uma hora.

são duas horas.

são três horas.


Sempre é bom lembrar que a concordância com meio-dia, meia-noite e uma hora é feita sempre no singular:

é meio-dia.

é meia-noite.

é meio-dia e quarenta e sete.

é uma e quinze.

Mais alguns exemplos:

Duas e cinco = São duas e cinco.

Uma e cinco = É uma e cinco.



Cinco para as duas = são cinco para as duas / faltam cinco para as duas

O verbo "fazer"


"Faz vinte anos" ou "Fazem vinte anos"?



Como se deve dizer: "Quando conheci sua prima, eu morava lá dez anos" ou "Quando conheci sua prima, morava lá havia dez anos"?

A dica para resolver esse dilema é simples: substitua o verbo "haver" pelo verbo "fazer", pois eles se equivalem quando indicam tempo.

Eu morava lá fazia dez anos.

Eu morava lá faz dez anos.



Não há dúvida de que a primeira soa melhor. E isso porque a forma "fazia", do pretérito imperfeito, está em harmonia com a forma "morava", também do pretérito imperfeito.

Portanto, ao usar o verbo "haver" naquela mesma situação, ele deve estar no pretérito imperfeito:

Eu morava lá havia dez anos

Os tempos verbais devem, portanto, estar em acordo:

moro -->

moro --> faz

morava --> fazia.

morava --> havia
É assim que exige o padrão formal da língua.


O verbo "fazer"


"Faz dez anos que eu morava lá" ou "Fazia dez anos que eu morava lá"? 



O "Nossa Língua Portuguesa" fez a seguinte pergunta às pessoas na rua:
Qual a forma correta: 

"Vai fazer 5 semanas que ela foi embora" ou

"Vão fazer 5 semanas que ela foi embora"?

De sete pessoas ouvidas, três acertaram. 

A forma correta é: 
"Vai fazer 5 semanas que ela foi embora".

O "Nossa Língua Portuguesa" foi às ruas mais uma vez e propôs a seguinte questão:

"Faz vinte anos que estive aqui" ou "Fazem vinte anos que eu estive aqui"?
As opiniões ficaram divididas. 

A forma correta, porém, é:
Faz vinte anos que estive aqui.

O verbo "fazer", quando indica tempo, não tem sujeito. 

Tal não ocorre com o verbo "passar". 

Pode-se e deve-se dizer: "Passaram dez anos". De fato, os anos passam. Mas não é aceita a construção "Fazem dez anos".

Nas locuções verbais em que o verbo "fazer" é associado a outro na indicação de tempo, o verbo auxiliar também não varia: " Já deve fazer vinte anos que ela foi embora ". 

Está fora de cogitação escrever "Já devem fazer vinte anos ...". Nesses casos o verbo "fazer" vem sempre no singular.

Por fim, em qualquer tempo que seja usado, o verbo "fazer", quando indica tempo transcorrido, não deve ser flexionado:

Faz dez anos.

Faz vinte dias.

Faz duas horas.

fazia dois meses.
Fez cinco meses.


Vamos a outro exemplo de concordância, tirado da canção "O Poeta Está Vivo", com o Barão Vermelho:

Se você não pode ser forte, seja pelo menos humana.

Quando o papa e seu rebanho chegar

não tenha pena:

todo mundo é parecido quando sente dor.


A letra usa indevidamente o verbo no singular. Se "Papa e rebanho chegam", a concordância na frase acima deveria ser antes "quando o papa e seu rebanho chegarem". 


Seria bom que ao menos na escrita a concordância verbal fosse observada.

Verbo antes do sujeito

"faltaram muitos alunos hoje" ou "faltou muitos alunos hoje"?


É comum ouvirmos as pessoas dizer "Acabou as ficha", 
"Sobrou quinze", 
"Falta dez". 

Certo dia estava escrito num jornal de grande circulação: 
"Chegou as tabelas do Mundial". Erro tanto mais grave porque se trata de língua escrita, em que a concordância merece maior atenção.

Um exemplo de concordância verbal corretamente observada acha-se na canção de Paulinho da Viola "Quando bate uma saudade".
... 
Vibram acordes

Surgem imagens

Soam palavras

Formam-se frases...


Nessa canção, Paulinho da Viola canta com muita clareza frases com os verbos colocados antes do sujeito, todas com a concordância perfeitamente observada. Os substantivos estão no plural, os verbos também. 

Isso é difícil de ocorrer no nosso dia a dia. 



Seja como for, na linguagem oficial é fundamental estabelecer a concordância:


Acabaram as fichas.

Acabaram-se as fichas.

Sobraram quinze.

Faltam dez.
Restam vinte.
Partiram todos.


Um trecho da canção "Música Urbana", do Capital Inicial, traz um verbo interessante que nem sempre é flexionado corretamente:

Tudo errado, mas tudo bem.

Tudo quase sempre como

eu sempre quis.

Sai da minha frente, que
agora eu quero ver.
Não me importam
os seus atos
eu não sou mais
um desesperado.
Se eu ando por
ruas quase escuras
as ruas passam


Trata-se do verbo "importar". O letrista fez a concordância corretamente: "não me importam os seus atos". Os atos não têm importância, portanto eles não importam

Basta fazer concordar verbo e sujeito: Atos está no plural, então o verbo também deve ficar no plural.

Concordância com pronome relativo e expressões expletivas



Muitos dizem "não foi eu" e supõem que esse "foi" vale em qualquer caso. Não é bem assim.

Para ilustrar essa questão, tomemos um exemplo retirado da música "Foi Deus que fez você", de Luiz Ramalho.

Foi Deus que fez o céu

(...)

Foi Deus que fez você

Foi Deus...

"Foi Deus que fez". Por que "foi"? Porque Deus é 3ª pessoa, Deus é igual a "ele" e, portanto, "ele foi".


Mas cuidado: não é cabível dizer "Eu foi". Logo, "não foi eu" está errado. 



O correto é:
Não fui eu.

Não fomos nós.



O verbo que vem depois da palavra "que" também deve concordar com a palavra antecedente. 

Portanto deve-se dizer:

 "Fui eu que fiz" ( eu fui, eu fiz), 
"Fomos nós que fizemos", 
"Foram eles que fizeram".

Outro caso que costuma causar embaraço é o da expressão expletiva "é que", expressão fixa

A canção "Só nós dois", de Joaquim Pimentel, faz uso dela mais de uma vez.

Só nós dois é que sabemos

o quanto nos queremos bem

Só nós dois é que sabemos

Só nós dois e mais ninguém...


A expressão "é que" é inalterável.
Nunca diga:

"São nessas horas que a gente percebe", mas antes:
Nessas horas é que a gente percebe.

É nessas horas que a gente percebe.



Trata-se de uma expressão de realce, que pode também ser eliminada.



Veja os exemplos:


Só nós dois é que sabemos/Só nós dois sabemos.

É nessas horas que a gente percebe/Nessas horas a gente percebe.

A expressão "é que", expletiva, pode ser perfeitamente eliminada sem prejuízo da estrutura frasal.

"40% dos eleitores preferiram ou preferiu?"

A concordância verbal que envolve porcentagem deixa muitas pessoas em dúvida. 

Para ilustrar isso, o "Nossa Língua Portuguesa" foi às ruas e formulou algumas perguntas ao público.

Como se deve dizer: "Pedro ou Paulo será o próximo presidente da República" ou "Pedro ou Paulo serão o próximo Presidente da República"?

A maioria das pessoas acertou. "Pedro ou Paulo será ...". Somente um dos dois será o próximo presidente da República. O "ou" que aparece na oração é excludente, indica a exclusão de Pedro ou de Paulo da cadeira de 

Presidente da República. Logo, o verbo fica no singular.
Contudo, se alguém perguntar sobre sua preferência musical, a resposta poderá ser: "Tom ou Caetano me agradam". O "ou" presente nessa oração não é excludente; logo o verbo assume o plural.

Outra pergunta:

"40% dos eleitores preferiram" ou "40% dos eleitores preferiu"?
A expressão que determina o percentual está no plural ( "eleitores" ) e então não há outra opção. 

O determinante também pode estar no singular, como na questão seguinte proposta aos telespectadores:
"40% do eleitorado preferiu" ou "40% do eleitorado preferiram"?

Muitos acertaram. O termo que se segue ao percentual é singular; logo o verbo também permanece no singular. A forma correta é "40% do eleitorado preferiu". 

Mas e se não houver determinante acompanhando a porcentagem?

"40% preferiu" ou "40% preferiram"?
Como não há nada após a expressão percentual, vale o número 40, que é plural. Se fosse um número inferior a 2, então o verbo ficaria no singular.
40% preferiram.

1% preferiu.

1,8% preferiu.


Fonte: Gramática da Língua Portuguesa - Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante. 



2 comentários:

  1. kkkescrevi e sai corenu plau ni cu di quen ta lenukkk

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.klklkllkçkllçkloplklo9lkouuouojojghgyouçp~p0´~-~çpçç0ççoooooooou8guiýpi=p´hohiuhiojioouopuopiiuohiukhohhjhjjjnhnjnmnmn khijkjhiuuioiuiuuiu oiuuiu iouiu jkiigoo ki pooóojjkio-[oiíioioi[[pjoo´p

















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