sábado, 25 de fevereiro de 2017






REDAÇÃO – DISSERTAÇÃO

        No texto dissertativo, emitimos nosso ponto de vista sobre determinado assunto. Para que possamos emitir opinião com clareza, precisamos organizar muito bem nossas ideias, fatos e argumentos.   Daí a importância de seguir uma determinada estrutura, que, geralmente, é constituída de introdução, desenvolvimento e conclusão.

        A introdução deve conter a ideia principal a ser desenvolvida.

        O desenvolvimento é exposição de argumentos que vão fundamentar a ideia principal.

        A conclusão é a retomada da ideia principal, que deve aparecer de forma mais convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento. Veja como está estruturado o texto que segue:

Atualidade fabricada

        Na teoria do jornalismo, a notícia situa-se como o elemento básico do fenômeno jornalístico. Notícia está ligada a fato novo. Modernamente, alguns autores preferem usar o termo informação, para referir-se ao fato detonador do processo.
        A notícia resume o fato; pode ser ampliada ou não. Já a reportagem trata de assuntos não necessariamente relacionados a fatos novos. Na reportagem, busca-se certo conhecimento do mundo, o que inclui investigação e interpretação. De qualquer modo, notícia e reportagem apresentam uma dimensão temporal bem demarcada. A notícia, mais colada ao presente, ainda ocupa grande parte dos jornais diários, mas sua difusão está-se dando principalmente pelos veículos eletrônicos. Em virtude da concorrência do rádio e da TV, os jornais impressos passaram a investigar causas e consequências, a interpretar, num crescendo em direção à reportagem.
        No sentido de registro do fato, a atualidade não está muito presente na imprensa feminina devido a seus conteúdos tradicionais: moda, beleza, culinária, decoração aceitam a ligação com o atual, mas não são por ele determinadas. A moda tem obrigação de ser atual, só que em função das tendências de mercado e sua atualidade pré-fabricada. Quando a imprensa feminina dá espaço a pessoas ligadas a acontecimentos atuais – geralmente astros de cinema e TV -, utiliza o que Evelyne Sullerot chama de atualidade romanesca, que cria um clima de ficção e fantasia em torno de atos e sentimentos.

(BUITONI, Dulcília Schroeder, Imprensa feminina, São Paulo, Ática, 1966, pág. 12 – Série Princípios.)


        O texto Atualidade não conta uma história, não descreve um lugar. Apresenta ideias, definições de notícia, reportagem e a presença da atualidade feminina. Assim, o texto pode ser classificado como dissertativo.

        Ele apresenta uma estrutura interessante: no primeiro parágrafo, define-se notícia; no segundo, compara-se notícia e reportagem sob a luz da atualidade; já no terceiro, coloca-se que a atualidade da notícia e da reportagem não está presente na imprensa feminina.

        Observe que o parágrafo foi usado de modo inteligente para organizar o texto, dando-lhe clareza:

1º parágrafo: a notícia é o elemento básico do fenômeno jornalístico.

2º parágrafo: já a reportagem trata de assuntos não necessariamente relacionados a fatos novos.

3º parágrafo: a atualidade não está muito presente na imprensa feminina.

        Assim, o caminho foi a notícia, a reportagem, não a atualidade da imprensa feminina. O pensamento da autora caminhou do particular (a notícia) para o geral (a imprensa feminina não é atual).
        Quando desenvolvemos uma dissertação argumentativa, devemos convencer nosso leitor sobre nossos pontos de vista, como se fôssemos advogados defendendo um réu. Numa dissertação aparecem sempre argumentos a favor ou contra.

        Argumento favorável: o computador, a cada momento, torna-se mais presente na vida de todos nós. A importância da informática tende a aumentar no futuro; logo, a pessoa que não conhecer informática enfrentará sérios problemas. É muito válida, portanto, a ideia de ensinar computação nas escolas.
       
        Argumento desfavorável: neste momento de profunda crise econômica em que, para os alunos, está difícil manter-se e estudar, não é aconselhável o ensino de computação nas escolas, porque tal fato traria muitos gastos para os estudantes, já que o material necessário custa altas somas. Embora reconheçamos a importância da computação, no momento atual julgamos dispensável o seu ensino.

        Conclusão: há argumentos favoráveis e desfavoráveis ao ensino de computação nas escolas.

        Nós, entretanto, julgamos extremamente oportuno o ensino de computação por uma razão muito simples: a função da escola é preparar o aluno para a vida futura. E na vida futura a informática estará presente em todos os campos.


Redação nota 10 do ENEM 2006
Quadro Negro

Se para Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros, para os governantes diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de notória importância. Basta-nos observar a relevância da escrita até mesmo na marcação histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história.
Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-se uma exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm, sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutenberg, muito devemos a esses escritos. Desta forma, iniciamos o nosso processo de transformação adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada.
A aquisição de ideias pelo ser humano apresenta um grande efeito colateral: a reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a mesma frequente em nossas vidas. Outrossim, é impossível que a nossa visão do mundo ao redor não se modifique com essa capacidade adquirida.
Embora a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante, precisam ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta nos é intrínseca e gera novas ideias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e nunca terminamos de transformar e sermos transformados.
A leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida, porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar. Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Brasil de Monteiro Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de ideias, pensamentos, autores, repleto de transformação e de vida.



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