segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Gramática e ortografia




ACENTUAÇÃO GRÁFICA




Desde o dia 1º de janeiro de 2009, o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor, com o objetivo de aproximar e padronizar ainda mais as grafias dos oito países que falam o nosso idioma. 

Até 2012 o Acordo passará por uma fase de transição, para que tenhamos tempo suficiente para assimilar e nos adaptar às suas regras.
            
O novo acordo altera a maneira como escrevemos algumas palavras, principalmente no que diz respeito à acentuação e hifenização. Ele cria Dificuldades, pois mexe diretamente com hábitos de escrita que já estão arraigados em todos nós.
            
É, por isso mesmo, um desafio ao qual teremos de nos dedicar. O objetivo deste Guia, distribuído para todo o serviço público, é colaborar para que a implantação do Novo Acordo Ortográfico ocorra o mais depressa, e da forma mais fácil possível.

A NORMA ORTOGRÁFICA

A ortografia é um dos temas permanentes da Gramática normativa. As línguas de grande circulação, sobretudo quando usadas em mais de uma região geográfica, precisam de um código ortográfico uniforme para facilitar a circulação dos textos. Sem esse código, torna-se mais difícil sua difusão pelo mundo.

ALTERAÇÃO DO ALFABETO

            Anteriormente o alfabeto português era constituído de 23 letras, sendo cada uma delas escrita em maiúscula e em minúscula.

Aa(á), Bb(), Cc(), Dd(), Ee(é), Ff(efe), Gg(ge/guê), Hh(agá), Ii(i), j(jota), Ll(ele), Mm(eme), Nn(ene), Oo(o), Pp(), Qq(quê), Rr(erre), Ss(esse), Tt(), Uu(u), Vv(), Xx(xis), Zz().

Atualmente, com a inclusão das letras K, W, Y, passa a conter 26 letras.

Aa(á), Bb(), Cc(), Dd(), Ee(é), Ff(efe), Gg(ge/guê), Hh(agá), Ii(i), j(jota), Kk(capa/cá),  Ll(ele), Mm(eme), Nn(ene), Oo(o), Pp(), Qq(quê), Rr(erre), Ss(esse), Tt(), Uu(u), Vv(), Ww(dáblio), Xx(xis), Yy(ípsilon) Zz(). 

Registre-se que, mesmo antes da Nova Ortografia, as três "novas" letras já eram usadas, principalmente nas seguintes situações:

Para indicar símbolos de unidades e medidas

Exemplos: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watts).

Para expressar palavras e nomes 

estrangeiros, além de suas derivadas


 ExemplosKafka, boy, kafkiano, yang, 

kaiser, yin, kung fu, Washington, 

Playmobil, Wellington. 


TREMA


Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.
            
Exemplos: aguentar, arguir, bilíngue, delinquente, eloquente, ensanguentado, equestre, frequente, lingueta, linguiça, quinquênio, sagui, sequência, sequestro, tranquilo.
            
Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. 

Exemplos: Müller, Mülleriano, Krügger



TONICIDADE

O uso correto dos sinais de acentuação requer a identificação da tonicidade das palavras. A tonicidade destaca a sílaba das outras, pela força articulatória com que a produzimos.
            Em palavras de mais de uma sílaba, o acento pode recair sobre a última, a penúltima ou a antepenúltima sílaba. Observe, nos exemplos a seguir, que as sílabas destacadas são mais fortes que as demais de cada palavra:
            Exemplos: roda(oxítona); cidade (paroxítona); íntimo (proparoxítona).
             
PROPAROXÍTONAS
(antepenúltima sílaba tônica)

Exemplos: másculo, esplêndido, árvore, hervoro, pido, lâmpada, higiênico, gido, xico, otona, parotona, proparotona, paralelepedo, ornico, dico, plástico, clássico, ótimo, péssimo, ximo, nimo, facílimo, difilimo, póstumo, crédito, lebre, rebro, excelentíssimo, meritíssimo, ônibus, prótese, próspero
Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas.

PAROXÍTONAS
(penúltima sílaba tônica)

            Recebem acento gráfico as paroxítonas terminadas em l, r, n, x, i, is, ã, ãs, ão, ãos um, uns, us, ps, ditongo oral crescente, ditongo oral decrescente e ditongo nasal, seguidos ou não de s.

Exemplos:
l: difícil, fácil, móvel, nível, amável, possível, incrível...
r: cadáver, revólver, repórter, éter, fêmur, almíscar...
n: hífen, éden, sêmen, gérmen, pólen...

ATENÇÃO: não se acentuam as paroxítonas terminadas em ens. Exemplos.: hifens, edens, semens, germens, polens...

x: tórax, látex, dúplex, fênix, ônix...
i ; is: júri, júris, táxi, táxis, lápis, tênis...
ão (s): órgão,  órgãos, órfão, órfãos,  sótão, sótãos...
ã, (ãs):  órfãs, órfãs, ímã, ímãs...
um, uns: fórum, fóruns álbum, médium, médiuns álbuns...
us: vírus, ônus, bônus, húmus...
ps:  bíceps, fórceps...
ditongos orais (crescentes ou decrescentes): Itália, resistência, memória, cárie, Ásia, fáceis, férteis, imóveis, fósseis, jérsei...

ATENÇÃO: não se acentuam os prefixos paroxítonos terminados em i ou r: super-homem, inter-helênico, semi-selvagem...


OXÍTONAS
(Última sílaba tônica)

Acentuamos as oxítonas terminadas em:
a (s): maracujá, ananás, fubá, marajá, marajás...
e (s): café, cafés, você, vocês, ipê, ipês...
o (s): dominó, paletós, vovô, vovós, cipó, cipós, carijós...
em, ens: armazém, vintém, armazéns, vinténs, parabéns...

Observações:

1. Acentuam-se também os monossílabos tônicos terminados em a, e, o (seguidos ou não de s) Exemplos: pá, pé, pó, pás, pés, pós, lê, vê, dê, hás, crês...

2. As formas verbais terminadas em a, e, o tônicos seguidas de lo, la, los, las também são acentuadas:  amá-lo, dizê-lo, repô-la, recebê-lo, cantá-la, pô-lo...

IMPORTANTE!

Coloca-se acento nas vogais i e u que formam hiato com a vogal anterior: sa-í-da, sa-ís-te, sa-ú-de, ba-la-ús-tre, sa-í-mos, ba-ú, ra-í-zes, ju-í-zes, Lu-ís, sa-í, pa-ís, He-lo-í-sa...        
            
Não se acentuam o i e o u que formam hiato quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra-ul, ru-im, com-tri-bu-in-te, sa-ir-des, ju-iz...
            
Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se estiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha, ba-i-nha...
      
Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se vierem precedidos de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba...
            
No entanto, se for palavra proparoxítona, haverá o acento, já que a regra de acentuação das proparoxítonas prevalece sobre a dos hiatos: fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo...
            
Os verbos ter e vir recebem acento circunflexo na terceira pessoa do plural do presente do indicativo: ele tem – eles têm; ele vem – eles vêm.

Os verbos derivados de ter e vir recebem acento agudo na terceira pessoa do singular e acento circunflexo na terceira pessoa do plural do presente do indicativo: ele retém – eles retêm ; ele intervém – eles intervêm ; ele mantém – eles mantêm...

ACENTUAÇÃO ABOLIDA PELO ACORDO ORTOGRÁFICO A PARTIR DE 1º DE JANEIRO DE 2009:


1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm o acento tônico na penúltima sílaba).
                       
Exemplos: alcaloide, alcateia, androide, apoia (verbo apoiar), apoio (verbo apoiar), asteroide, boia, celuloide, claraboia, colmeia, Coreia, debiloide, epopeia, estoico, estreia, estreio (verbo estrear), geleia, heroico, ideia, jiboia, joia, odisseia, paranoico, plateia, tramoia.
                       
ATENÇÃO: essa regra é válida somente para as palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.

Exemplos: papéis, herói, heróis, anzóis troféu, troféus.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
           
Exemplos: baiuca, bocaiuva, cauila (avarento), feiura.

            ATENÇÃO: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final, (ou seguidos de s), o acento permanece.
           
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
           
3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).
           
Exemplos: creem (verbo crer), deem (verbo dar), doo (verbo doar), leem (verbo ler), magoo (verbo magoar), perdoo (verbo perdoar), povoo (verbo povoar), veem (verbo ver), voo (verbo voar e substantivo voo), zoo (verbo zoar).

ACENTO DIFERENCIAL

Não se usa mais o acento que diferenciava os pares para / para; péla(s) / pêlo / pelo; pólo(s) / polo(s) e pêra / pera.
            Exemplos:
            Ele para o carro.
            Ele foi ao polo Norte.
            Ele gosta de jogar polo.
            Esse gato tem pelos brancos.
            Comi uma pera.

Permanece o acento diferencial em pôde / pode

Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. 

Pode é a forma do presente do indicativo na 3ª pessoa do singular.
           
Exemplo: Ontem ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
           
Permanece o acento diferencial em pôr / por. Pôr é verbo. Por é preposição.
           
            Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, convir, intervir, advir etc.).
           
Exemplos:
           
Ele tem dois carros. Eles têm dois carros.
            
Ele vem de Sorocaba. Eles vêm de Sorocaba.
            
Ele mantém a palavra. Eles mantêm a palavra.
            
Ele convém aos estudantes. Eles convêm aos estudantes.
            
Ele detém o poder. Eles detêm o poder.
            
Ele intervém em todas as aulas. Eles intervêm em todas as aulas.
           
Obs.: É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma / fôrma. Em alguns casos, o uso do acento circunflexo deixa a frase mais clara. 

Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo.

Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir).
            
Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar, e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. 

Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
           
Veja:

            a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
            
Exemplos: verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
            
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
            
Exemplos: (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
            
verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
            
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
            
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

ACENTO GRAVE

            O acento grave (`) só é utilizado, em português, para indicar a ocorrência de crase (ou seja, a fusão de dois as):
            
Irei à praia.
            
Refiro-me àquela pessoa.
            
Dedica-se à música.

ACENTO DIFERENCIAL

Algumas palavras mantêm acento gráfico (agudo ou circunflexo) sobre as vogais a, e, o para diferenciá-las de palavras homônimas:

pôr (verbo)
por (preposição)

pôde (verbo poder no pretérito perfeito do indicativo)
pode (verbo poder no presente do indicativo)

EMPREGO DO HÍFEN

Algumas regras do emprego do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo.
            
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.

1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.

Exemplos:      anti-higiênico, anti-histórico, mini-hotel, macro-história, super-homem, proto-história, sobre-humano.

2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.

Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo, antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, coautor, coedição, extraescolar, infraestrutura, plurianual, semiaberto, semianalfabeto, semiesférico, semiopaco.
            
Exceção: o prefixo co aglutina-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.

3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.

Exemplos: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador, pseudoprofessor, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno.
           
ATENÇÃO: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen.

Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.

4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras.

Exemplos: antirrábico, antirracismo, antirreligioso, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno, infrassom, microssistema, minissaia, multissecular, neorrealismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, ultrassom.

5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.

Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-inflamatório, auto-observação, contra-almirante, contra-atacar, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, semi-internato, semi-interno.

6. Quando o prefixo terminar por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante.

Exemplos:
            hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário, super-racista, super-reacionário, super-resistente, super-romântico.
           
ATENÇÃO: Nos demais casos, não se usa o hífen.

Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
            
Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
            Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

7. Quando o prefixo terminar por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.

Exemplos: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual, interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento, supereconômico, superexigente, superinteressante, superotimismo.

8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.

Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-casado, recém-nascido, sem-terra.

9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu, mirim.

Exemplos: amoré-guaçu (peixe), anajá mirim (tipo de palmeira), capim-açu (tipo de erva).

10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.

Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.

Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedista, pontapé.

12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.

Exemplos:
Na cidade, conta-
-se que ele foi viajar.
O diretor recebeu os ex-
-alunos.





Fonte: Editora Melhoramentos – Agosto de 2008 – Guia da Reforma ortográfica 2008 – Douglas Tufano – Professor e autor de livros didáticos de Língua Portuguesa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.